RIO – O secretário estadual de Transportes, Carlos Roberto Osório, afirmou, ontem, que a Linha 4 do Metrô funcionará durante os Jogos Olímpicos em agosto. Segundo ele, a partir de março, haverá testes operacionais com os trens, ainda sem passageiros, entre as estações General Osório e Nossa Senhora da Paz, ambas em Ipanema. A preocupação, porém, é que as escavações da Linha 4 ainda não terminaram. Faltam perfurar 200 metros de túnel entre a Rua Igarapava (Alto Leblon) e São Conrado.
Ontem, uma reportagem do GLOBO revelou que o prefeito Eduardo Paes enviou um e-mail para consultores do Comitê Olímpico Internacional (COI), alertando que as obras do metrô podem não terminar antes das Olimpíadas. O prefeito também diz no texto que conta com um Plano B de mobilidade, que consistira em implantar um corredor provisório de BRT entre a Zona Sul e o Parque Olímpico.
Em uma entrevista em janeiro do ano passado, Osório afirmou que as escavações do metrô até a Barra terminariam no início deste ano, quando começariam os testes operacionais. O tatuzão, porém, só chegou no poço do metrô da Rua Igarapava na última sexta-feira. Como vinha escavando em solo arenoso, o aparelho terá que passar por ajustes antes de escavar o trecho final que será em solo rochoso.
— Fizemos ajustes no cronograma. Isso acontece com qualquer obra. Os testes com trens ainda não começaram. Mas já iniciamos os testes operacionais como de energização dos trilhos e a sinalização das vias — disse o secretário estadual de Transportes.Segundo Osório, os testes com trens seriam feitos inicialmente entre as estações da Nossa Senhora da Paz e General Osório, no começo de março. Em abril, os trens rodariam também entre a Barra e São Conrado. A circulação com passageiros em horário comercial está mantida para julho. Segundo Osório, também em março, o Metrô vai apresentar seu plano operacional olímpico.
Na manhã deste sábado, Paes disse que a cidade precisa ter uma alternativa caso as obras do metrô não fiquem prontas. Pela alternativa proposta pela prefeitura, o ponto final do BRT provisório seria implantado na Praça Nossa Senhora da Paz, em frente a futura estação do metrô em Ipanema.
— Para tudo a gente tem que ter um plano de contingência, tem que ter um plano alternativo. A gente tem muita confiança que o metrô vai ficar pronto. Agora todo mundo sabe que é um desafio. A gente tem um plano de contingência preparado há algum tempo e temos que conversar com o COI — disse Eduardo Paes.
O custo total das obras está em R$ 9,7 bilhões. Deste total, o governo do Estado ainda precisa de R$ 1,3 bilhão para concluir o projeto e negocia um empréstimo com o BNDES. Deste total, cerca de R$ 950 milhões para finalizar o trecho das seis estações previstas para serem inauguradas até as Olimpíadas (Jardim Oceânico, São Conrado, Antero de Quental, Ataulfo de Paiva, Jardim de Alá e Nossa Senhora da Paz.). Os outros R$ 350 milhões seriam para concluir as obras da estação Gávea, que ficaram para 2017.
Em entrevista ao RJTV, da TV GLobo, Pezão disse acreditar que a primeira parcela (R$ 445 milhões) para concluir o trecho olímpico esteja liberado ainda esta semana. O resto do dinheiro seria liberado entre abril e maio. Pezão disse também que fala diariamente com o prefeito e que, em momento algum, o informou sobre problemas no cronograma. O governador afirmou ainda que a Linha 4 ficará pronta no prazo.
Em um e-mail enviado na sexta-feira pela manhã ao Comitê, o prefeito afirmou que existe um “risco elevado” de a Linha 4 não ficar pronta para as Olimpíadas, o que comprometeria todo o plano de transportes traçado para os Jogos. Paes lamentou que o email interno tenha circulado.
Email enviado pelo prefeito Eduardo Paes ao COI – Reprodução
O principal obstáculo para a entrega da obra dentro do prazo, que termina em julho, seria a demora da União para liberar um novo financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que incrementaria em R$ 1,3 bilhão o orçamento da Linha 4. O gasto total da construção do novo trecho do metrô, a cargo do estado, passaria para R$ 10,3 bilhões, segundo o governo federal.
Fonte: O Globo, 20/02/2016