A Invepar, empresa que tem a construtora OAS entre suas acionistas, foi alvo, no Rio, da 28ª fase da Operação Lava-Jato. A força-tarefa investiga o pagamento de propinas ao ex-senador Gim Argello (PTB-DF), preso preventivamente na manhã desta terça-feira. Entre o material analisado, está uma troca de mensagens entre o executivo Léo Pinheiro, que comandava a OAS até o desenrolar da Lava-Jato e chegou a ser preso na operação, e o presidente da Invepar, Gustavo Rocha, que foi levado coercitivamente a depor. Nas mensagens, Pinheiro pede a Rocha que entre em contato com o ex-senador. Em resposta, o presidente da Invepar afirma que falou com Gim Argello e ficou de “retornar com os próximos passos”.
A investigação partiu de um depoimento do executivo Ricardo Pessoa, da UTC, que afirmou que Argello exigiu pagamentos para evitar a convocação de empreiteiros para a CPI da Petrobras, que apurava desvios na estatal. A força-tarefa suspeita, por conta das mensagens, que Rocha tenha participado das tratativas com o ex-senador.
Agentes da Polícia Federal também cumpriram mandado de busca e apreensão na sede da companhia, no Centro. O juiz Sérgio Moro, no entanto, negou o pedido de prisão temporária de Rocha, pleiteado pelo Ministério Público Federal, assim como o pedido de busca e apreensão na casa do presidente da Invepar.
A Polícia Federal também cumpriu mandado de busca e apreensão no aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo, operado pela Invepar. Os agentes buscavam um fundo falso relatado por um colaborador anônimo que poderia conter documentos importantes para a investigação.
A um agente da Polícia Federal esse colaborador também informou que uma ex-diretora da OAS e atual diretora de gestão de projetos no aeroporto estaria envolvida em “pagamentos de propinas para terceiros relacionados especialmente a obtenção da concessão de operação do aeroporto de Guarulhos envolvendo sua ampliação”.
A Invepar detém participação em empresas que operam diversas concessões no setor de infraestrutura, como o metrô do Rio, além da Linha Amarela e do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), também no Rio. A empresa opera trechos de rodovias, como a BR-040, entre Brasília e Juiz de Fora, em Minas Gerais.
Recentemente, a OAS foi ao mercado em uma tentativa de vender sua participação na Invepar, para fortalecer o caixa, mas as negociações ainda não prosperaram. Além da OAS, os fundos de pensão Petros (Petrobras), Previ (Banco do Brasil) e Funcef (Caixa Econômica Federal) são acionistas da empresa. Em nota, a companhia informou que “o objeto do mandado refere-se somente a temas específicos da OAS, sem nenhuma referência às concessões e negócios da Invepar”. A empresa destacou ainda que “colabora com as autoridades”.
Fonte: O Globo, 12/04/2016
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