O analista de contas médicas Glauco Rocha estava atrasado para um compromisso no Centro na tarde de ontem. Era tamanha a pressa que ele não teve tempo de observar, antes de atravessar a Avenida Rio Branco, com o sinal fechado para pedestres, que, bem atrás dele, vinha um VLT, acompanhado por um batedor. Quase foi atropelado.
— O VLT estava parado e, de repente, arrancou. Fui pego de surpresa. Eu deveria ter tido um pouco mais de cuidado — reconheceu o rapaz.
É, os cariocas ainda não aprenderam a se comportar diante do VLT, mesmo com o auxílio dos batedores, motociclistas que, desde o início da operação dos bondes, em junho deste ano, abrem caminho para as composições, sinalizando suas chegadas e partidas. E essa “mãozinha” tem previsão de acabar: os batedores serão retirados até o final do ano, segundo a secretaria municipal de Transportes. Os testes já começaram: fora dos horários de pico, há VLTs circulando sem eles. A população terá que aprender a se resguardar por conta própria, o que parece estar longe de acontecer…
— Prefiro andar pelos trilhos, porque, na calçada, as pessoas andam muito devagar — disse o programador Rafael Menezes, que caminhava pelos trilhos, alheio a um VLT que se aproximava.
O livreiro Eduardo Mezzonato, que mora na Cidade Nova e trabalha no Centro, assumiu que pedala pela via exclusiva do VLT diariamente.
— Não acho arriscado. Ando ligado; quando o VLT se aproxima, eu troco de pista. Aqui não tem ciclovia — tentou justificar o rapaz.
PARA ESPECIALISTA, PROBLEMA CULTURAL
Para José de Oliveira Guerra, professor de engenharia de transportes da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), a questão que está por trás de tais atitudes é a falta de educação do povo brasileiro:
— Infelizmente, é um problema cultural. Por que o sistema funciona bem fora do Brasil, em países da Europa? Porque é outro povo, outra cabeça, outra consciência.
A secretaria municipal de Transportes avalia que os batedores foram uma importante ferramenta para garantir a segurança nos primeiros meses de circulação do VLT. De acordo com o órgão, eles serão retirados gradativamente, quando houver a percepção de que o público em geral se acostumou com a circulação do bonde moderno.
A secretaria informa que a velocidade média do VLT, que no início das operações variava de 15 a 30km/h, chega hoje a 50km/h.
Segundo a prefeitura, o percurso Santos Dumont-Rodoviária teve o tempo médio de viagem reduzido em cerca de 40% e agora é realizado em aproximadamente 30 minutos. O órgão reafirmou que parte do segundo trecho do VLT, que liga a Praça Quinze à Praça da República, deve começar a operar em novembro. Os testes sem passageiros deverão ser iniciados ainda este mês.
Fonte: O Globo, 11/10/2016
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