A advogada mineira Pâmella Alqualo decidiu, na semana passada, ir com o marido à Zona Portuária para visitar o AquaRio de VLT. Mas o que seria um passeio divertido virou dor de cabeça. Ao não conseguir usar um RioCard, ela pediu ajuda a uma fiscal, que, em vez de orientá-la, chamou um guarda municipal. Pâmella acabou se tornando uma das 5.085 pessoas multadas desde setembro do ano passado por viajar sem pagar passagem.
— Como tinha acabado de usar o cartão para pagar duas passagens no metrô, imaginei que poderia fazer o mesmo no VLT. Abordei a fiscal para pedir uma informação e fui tratada como desonesta, como se estivesse me recusando a pagar R$ 3,80. Achei um absurdo — reclamou Pâmella.
A verificação do pagamento da passagem é feita por fiscais da concessionária do VLT, que atuam ao lado de guardas municipais, os responsáveis por aplicar as sanções. Dados da prefeitura mostram que, desde o início da fiscalização, foram aplicadas em média 25 multas por dia. Das 1.475 guias emitidas, no valor de R$ 170 cada, 935 foram pagas, o que gerou um montante de R$ 158.950 para o Tesouro Municipal. Do total de autuados, 660 recorreram, mas, até agora, nenhum recurso foi deferido. Ao ser multado, é responsabilidade do passageiro emitir a guia de pagamento pela internet.
Um dos recursos foi apresentado pela designer baiana Ana Paula Esteves, que veio passar o carnaval no Rio. Ela viveu situação semelhante à de Pâmella. Ao não conseguir pagar duas passagens com um único cartão e pedir ajuda, foi multada.
— A guarda já veio pedindo meu CPF, pensei que fosse apenas para fazer um cadastro e me dar informação. Mas ela me entregou uma multa de R$ 170 e ignorou quando pedi que deixasse a gente descer para comprar outro cartão. Fiz o recurso porque achei um abuso, uma forma de usurpar a gente.
Já o técnico em eletrônica gaúcho Juliano Mattos fez tudo certo: comprou dois cartões, para ele e a mulher, e colocou crédito para ir e voltar do Centro ao AquaRio. Na volta, ao fazer uma baldeação obrigatória na Parada dos Navios, foi abordado por um fiscal e multado por um guarda municipal.
— Não sei se, ao passar o cartão na baldeação, fomos cobrados indevidamente. O fato é que eu tinha o comprovante da compra dos nossos bilhetes de ida e volta, com o horário que os adquirimos, e mostrei ao guarda. Ele sabia que não tínhamos feito nada de errado — criticou Juliano.
O diretor de operações do VLT, Paulo Ferreira, alegou que, em pesquisa do Ibope com 600 usuários, o VLT obteve 88% de satisfação. Segundo ele, o que pode ser julgado como uma atitude radical é, na verdade, uma regra que deve ser cumprida.
— Quando você transporta 35 mil passageiros por dia não tem como identificar quem está bem-intencionado e quem não está.
Fonte: Extra, 27/03/2017
Pingback: check my source