O governo brasileiro quer aprofundar os estudos sobre a construção da Corredor Ferroviário Bioceânico. A informação foi divulgada pelo Ministério dos Transportes. Na semana passada, representantes do Brasil estiveram em uma reunião sobre o assunto, em La Paz, capital boliviana.
De acordo com o Ministério, o encontro teve a participação também de representantes dos governos do Paraguai, Uruguai, Bolívia e Peru. Ficou definida a criação de um grupo de trabalho formado por um representante de cada país para discutir a viabilidade da obra.
O projeto da rota bioceânica é o de uma ferrovia de mais de 3 mil quilômetros, cortando países sul-americanos e integrando o fluxo de mercadorias entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Na reunião da semana passada, o Brasil reforçou sua posição a favor da obra, que encurtará a distância em relação aos principais mercados mundiais.
“O governo apoia estudos mais detalhados que demonstrem a importância do corredor ferroviário e que contribuam para sua concretização”, diz o secretário de Políticas Nacional de Transportes, Herbert Drummond, ainda de acordo com o divulgado pelo Ministério dos Transportes.
Para um projeto desse tamanho, é necessária, de fato, uma análise minuciosa. É o que avalia Guilherme Quintella, executivo chefe para a América Latina da União Internacional de Ferrovias, entidade que reúne representantes do setor coma intenção de promover o transporte ferroviário pelo mundo.
Quintella acredita que, do ponto de vista técnico, construir uma ferrovia como a bioceânica é possível. E que é importante a criação de um grupo de trabalho para estudar o assunto de um modo mais detalhado.
Ele destaca que o custo para se concretizar um projeto como este é alto. Pondera, no entanto, que, em se tratando de decisões governamentais, a viabilidade, muitas vezes, envolve fatores que vão além da questão econômica.
“Tecnicamente é possível. Mas é uma decisão de governo, de discutir a essa integração e a importância dela ser feita agora”, diz.
O interesse do governo brasileiro por uma ferrovia que conecte o lado do Atlântico e o do Pacífico não é de hoje. Em 2015, ainda sob a administração Dilma Rousseff, o projeto chegou a ser destacado no lançamento da segunda etapa do Programa de Investimento em Logística (PIL).
Investidores da China também mostraram interesse na obra, em conjunto com Brasil e Peru. Na época, o governo brasileiro chegou a anunciar uma projeção de R$ 40 bilhões em investimentos no trecho brasileiro da estrada de ferro.
“É um projeto ambicioso. Estratégico para criar uma saída alternativa para o Pacífico, mas é também um projeto realista”, defendia o então ministro do Planejamento, Nelson Barbosa.
Fonte: Globo rural, 28/03/2017
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