LAS VEGAS — Viajar do Rio a São Paulo em questão de minutos, ou cruzar os EUA, de Nova York à São Francisco, em pouco mais de quatro horas, por terra. Essa é a proposta do Hyperloop, um sistema de transporte conceitual de altíssima velocidade, parecido com um trem, mas onde os vagões circulam num tubo selado com pressão reduzida. A ideia foi apresentada em 2012 pelo empreendedor visionário Elon Musk e, na época, parecia insana. Agora, apenas cinco anos depois, a tecnologia está cada vez mais perto de se tornar realidade.
A Hyperloop One, uma das start-ups que atua no desenvolvimento desse veículo futurista, anunciou esta semana o sucesso de seu segundo teste, num campo de provas em Las Vegas, no deserto de Nevada. No primeiro, realizado em maio, a companhia testou os componentes, para avaliar se o veículo realmente funcionava. Agora, o XP-1 alcançou 310 km/m numa pista com menos de 500 metros de comprimento.
“Isso usando apenas 300 metros de estator para propulsão”, afirmaram Josh Giegel e Shervin Pishevar, cofundadores da Hyperloop One, em comunicado. “Com 2.000 metros adicionais de estatores, nós teríamos atingido 1.100 km/h. (…) Em cada teste, nós vamos um pouco além, um pouco mais rápido, e trazemos o Hyperloop muito mais perto da realidade”.
A start-up divulgou um vídeo impressionante mostrando o XP-1 em movimento, mas ainda existem questões a serem resolvidas e dúvidas sobre a viabilidade da tecnologia. No campo em Las Vegas, a empresa construiu um tubo com 500 metros de comprimento, capaz de reduzir a pressão interna para apenas 1 milibar, equivalente à pressão atmosférica a 61 quilômetros de altitude.
A conquista da Hyperloop One é relevante, mas serve mais para relações públicas do que para aplicação prática. Aparentemente, o veículo experimental funciona, mas construir um tubo hermético de 600 quilômetros, entre Los Angeles e San Francisco, como proposto por Musk, ainda está no campo da utopia. Qualquer desnivelamento, por menor que seja, seria catastrófico para um veículo viajando a 1.100 km/h.
Apesar disso, muitos países demonstraram interesse nesse possível novo modal de transporte. A Rússia quer se conectar com a China e com a Europa para o transporte de mercadorias em menos de um dia. Dubai também quer instalar o sistema para se conectar com Abu Dhabi, reduzindo a viagem de duas horas para apenas 12 minutos.
“A tecnologia mudou radicalmente desde o último grande novo modal de transporte. O processo de invenção, não”, disseram os empreendedores. “O primeiro voo de Orville Wright foi de apenas 12 segundos e 37 metros. Ele e Wilbur avaliaram o Flyer, fizeram ajustes e voaram novamente”.
Fonte: O Globo, 03/08/2017