Franceses, espanhóis e americanos se interessam por nova ferrovia do Paraná

A procura de empresas estrangeiras e nacionais interessadas em apresentar um modelo de nova ferrovia, ligando Dourados (MS) a Paranaguá, surpreendeu o governo do Paraná. Quatro consórcios foram autorizados a fazer os estudos de viabilidade (técnica, ambiental e econômica), avaliados em R$ 25 milhões. A expectativa é de que as empresas selecionadas apresentam soluções para construir mil quilômetros de ferrovia, ao custo estimado de R$ 10 bilhões.

Entres os grupos inscritos há empresas que são referência no setor ferroviário, tanto no Brasil, como no exterior, com a participação de grupos americanos, espanhóis e franceses. Dois outros grupos também se candidataram, mas não cumpriram os critérios técnicos, como experiência comprovada. De acordo com Murilo Noronha da Luz, coordenador de concessões e parcerias da Secretaria de Planejamento, o número de interessados foi uma surpresa.

A previsão é de que os estudos estejam prontos em 270 dias. Depois disso, começa a fase de avaliação técnica das propostas apresentadas. Pela legislação vigente, o governo estadual não paga pelos estudos. As empresas autorizadas aceitam a proposta, por conta e risco, acreditando que podem apresentar o melhor projeto. O modelo escolhido será usado na licitação – e a empresa vencedora deve remunerar quem fez o projeto. A expectativa é fazer a licitação para a construção da ferrovia no segundo semestre de 2019.

Como, teoricamente, as empresas vão fazer o mesmo estudo – apenas apresentando soluções diferentes –, o governo estadual determinou que a definição de proposta de traçado da ferrovia deve ser entregue nos próximos três meses. Decidido por onde a ferrovia vai passar, serão feitos levantamentos topográficos e geotécnicos apenas nos locais previamente aprovados (para baratear os custos). Contudo, as empresas estão liberadas para propor modelos inovadores de bitola ou de propulsão, como é o caso de uma que pretende sugerir que a rede seja eletrificada, desde que aponte a viabilidade.

Para o coordenador, será uma oportunidade de discutir a matriz viária do Paraná. “É um esforço para solucionar um gargalo histórico. Acreditamos que é possível pensar o estado a partir de um transporte ferroviário que seja uma espinha dorsal, e não acessório ou complementar, como é hoje”, afirma Murilo.

Um dos objetivos é diminuir o trânsito de caminhões nas rodovias e também o valor do frete no transporte de cargas. A ideia é construir dois ramais ferroviários: um de Dourados (MS) a Cascavel e outro de Guarapuava a Paranaguá. No meio dos dois trechos há a linha férrea operada pela Ferroeste.

De Guarapuava a Paranaguá, a nova ferrovia seria paralela à BR-277. O transporte ferroviário no trecho é feito atualmente pela concessionária Rumo, que passaria a ter concorrência. Atualmente, menos de 20% das cargas que chegam ao porto de Paranaguá viajam de trem. Além do alto número de acidentes e do custo elevado para quem paga o frete, a movimentação de veículos pesados danifica o pavimento e prejudica o ambiente – com queima de combustíveis e emissão de gases. A proposta de traçado já tem uma discussão prévia com ambientalistas, principalmente para encontrar as melhores opções para cortar o trecho de Serra do Mar.

Participantes

Os consórcios responsáveis pelo estudo são HaB, constituído pelas empresas Bureau da Engenharia ECT Ltda, Hendal e Advice Concultoria e Serviços; o consórcio SSSE, formado pela empresa espanhola Sener Ingeneria e pelas nacionais Sener Setepla e Engefoto; o consórcio Egis-Esteio-Copel, do qual fazem parte a empresa francesa Egis Engenharia e Consultoria Ltda e pelas nacionais Esteio Engenharia e Aerolevantamentos S.A e Copel, e o consórcio formado por Sistemas de Transportes Sustentáveis – STS, Pullin e Campano Consultores Associados e Navarro Prado Advogados, pela consultoria Millennia Systems, dos Estados Unidos, e pela EnVia Technologies International.

Nova Ferroeste

Veja qual será o traçado da extensão da ferrovia, segundo projeto do governo do Paraná

Trecho 1

Guarapuava-Paranaguá – 400 quilômetros de ferrovia, descendo a serra paralelamente à BR-277. Trecho ficará sob concessão estadual. Construção

Trecho 2

Guarapuava-Cascavel – revitalização do trecho de 250 quilômetros já existente. Subconcessão da Ferroeste. Revitalização
Cascavel-Dourados (MS) – 350 quilômetros de ferrovia. Subconcessão da Ferroeste. Construção

Custo total estimado
R$ 10 bilhões

Distância total
1 mil km de trilhos

Fonte: Gazeta do Povo, 22/03/2018

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