O diretor-executivo da Associação Nacional dos Transportes Ferroviários – ANTF Fernando Paes foi o primeiro a se apresentar. Para falar sobre o “Balanço e Perspectivas do Setor Ferroviário”, ele mostrou o mapa atual da ferrovia no Brasil, o cenário, os resultados pré e pós-concessões, investimentos e densidade da malha ferroviária de carga.
Em relação ao transporte de cargas ele acha difícil que haja uma retomada ou mudança de modelo, considerando-se o ajuste fiscal que o Brasil vem passando e a própria postura do governo federal a outros setores de infraestrutura. Ele lembrou que o governo tentou em 2012 mudar um pouco o modelo de concessão e implementar o Open Acces, mas não conseguiu por uma série de motivos. Hoje, o planejamento do governo é seguir os modelos atuais, modernizar os contratos e tentar equacionar os problemas.
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O que foi feito pós-concessão
Segundo Fernando Paes houve, num período de 20 anos, investimentos de R$ 92 bilhões na linha férrea. Esses valores são atualizados pelo IPCA e boa parte está direcionada ao transporte de minério e grãos. Segundo ele, o transporte de contêineres passou por um aumento bastante expressivo.
Baixo índice
O palestrante salientou que o Brasil, a partir de 2012, atingiu o índice internacionalmente aceitável nos acidentes em ferrovias, o que significa um ponto positivo em comparação aos anos anteriores, mas que ainda é preciso melhorar.
Nos trilhos
Segundo o diretor da ANTF o Brasil ainda está muito atrasado em relação a alguns indicadores. A nossa malha tem uma baixíssima densidade em relação a muitos países em desenvolvimento. Na Rússia, por exemplo, 80% das cargas são transportadas sobre trilhos, disse.
No Brasil, mais de 42% dos granéis sólidos agrícolas chegam aos portos por ferrovia. Esse número é ainda mais expressivo quando se trata de açúcar (cerca 55%) e minério (mais de 90%). Em sua avaliação, a ferrovia tem uma participação ainda muito acanhada.
Segunda apresentação
Metodologia para Reutilização de Trechos Ferroviários foi o tema da segunda palestra do dia, com o diretor da Sysfer Consultoria e Engenharia, Jorge Fernando do Monte Pinto.
Ele retrocedeu no tempo para justificar a metodologia para alinhar o tema, e afirmou que é um problema muito questionável e cobrado pela sociedade os trechos que estão sendo invadidos e outros que foram abandonados.
Num primeiro momento, segundo Jorge Fernando, as concessionárias entendiam que deveriam devolver o trecho como receberam. Ele disse que sua empresa foi contratada pela ANTT para formular uma proposta de metodologia de cálculo de indenização. As principais premissas apresentadas e aprovadas davam-se conta de que, em hipótese alguma, caberia o conceito de devolver como recebeu, assim como o valor de ressarcimento ao poder concedente deveria considerar as intervenções necessárias para garantir trafegabilidade com segurança.
Falou sobre as etapas consideradas de reaproveitamento dos trechos entre as opções ferroviárias e não ferroviárias. Na primeira etapa desse estudo, segundo ele, os ativos dos trechos são avaliados por critérios definidos com vistas a aproveitamentos ferroviários. Em outro momento, numa segunda etapa, descartadas as opções ferroviárias, os ativos dos trechos são avaliados por critérios objetivando aproveitamentos alternativos.
Para cada grupo de ativos, não mais utilizados no processo exploratório das estradas de ferro, foi desenvolvido um conjunto de possíveis soluções com base em projetos comumente adotados para uso não ferroviário.
VLT
Na região de Angra dos Reis, por exemplo, o diretor da Sysfer apresentou uma alternativa, com a implantação do VLT, considerando que boa parte poderia ser utilizada aproveitando a superestrutura existente, com a possibilidade de integrar as duas importantes zonas da cidade, interligadas pela BR 101 e por rua sinuosa e de baixa capacidade de tráfego.
Seu estudo mostrou também opções não ferroviárias, citando a polêmica iniciativa das prefeituras de Angra dos Reis e Barra Mansa em transformar o trecho Rio Claro – Barra Mansa em trilha turística e criar uma ciclovia denominada CicloAtlântica, localizada no trecho da antiga ferrovia que ligava Barra Mansa à Costa Verde.
A palestra terminou com o público presente participando e debatendo sobre os temas abordados.
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