Há uma máxima dos tempos imemoriais aplicável, analogamente, ao título deste artigo, tema que deve estar em consonância com os dias atuais turbulentos por que passa o país, “no tempo e no espaço”, neste fim do primeiro semestre de 2018: “Quando a primavera chegar” marcará nova expectativa, nova esperança, época primeira; nova aurora para o transporte ferroviário, o futuro: quando a ferrovia chegar, o Brasil, inviariavelmente, terá jeito, terá solução, espera-se!
Essa é a minha crença e, creio seja a mesma de milhares de ferroviários, de ferroviaristas, que sonhamos com a volta do Brasil aos trilhos ainda nesta segunda década do século 21, pois, deste “tamanhão”, efetivamente, não dá para ficar transportando milhões de toneladas de insumos por sobre pneus, à longa distância, convenhamos.
Circulação de mercadorias num percurso de até 500km é recomendável por rodovia, como procedem os países mais desenvolvidos neste ícone. Acima, somente por ferrovia, de acordo com a logística operacional e a comprovada economia de combustíveis. Essa é a visão primária dos grandes dirigentes das grandes nações, que primam pelo que há de mais moderno.
A partir da década de 90, começou o desmonte da Rede Ferroviária Federal, que teve a sua certidão de criação, com a edição da Lei nº 3115/57. Pela Lei nº 11.483/07, veio o seu óbito, por falta de competência de uma legião de maus gestores que por ela passaram, nesse lapso temporal. De lá para cá, pouquíssimos são os que defendem o modo ferroviário como deveriam fazê-lo.
Ao Estado cabe estabelecerem-se normas e fazer os investimentos que propiciem a construção de um sistema viário realmente integrado, onde cada ícone de transporte tenha a sua função institucional e operacional, que vise ao conforto e bem-estar da população trabalhadora, destinatária última dos benefícios dos governos. A rigor, ferrovias não existem.
Estamos às portas de eleições gerais. Até este mês de junho não se viu, leu ou ouviu nenhum vislumbre de pré-candidatos a presidente apresentar um esboço de programa que fale em melhorar a malha ferroviária, abandonada há décadas e à continuada priorização das rodovias, filé mignon dos lobistas que assolam o Congresso Nacional. Sem o transporte sobre trilhos não se chegará a lugar nenhum neste Brasil, onde, há 164 anos, Irineu Evangelista de Souza inaugurou o primeiro trecho de ferrovia, uma façanha do grande empreendedor daquele século.
O Brasil tem jeito, tem solução, desde que construamos mais e mais ferrovias, com a participação patriótica dos gestores dos três níveis da administração pública: municípios, estados e União, pois, essa empreitada terá que ser homogênea, numa integração público-privada, com manifesto interesse em ver-se o imbróglio, definitivamente, afastado de nosso colorário de cancros que assolam o país.
Não temos uma malha ferroviária continental para o transporte geral de cargas (e passageiros). Mais de 80% da carga que circula pelas nossas poucas ferrovias são dos seus acionistas. Exportam “comodities” minerais e agrícolas, que não trazem benefícios para o povo brasileiro. Quase tudo que está nas lojas, na sua casa, ou na sua mão, circulou de caminhão (por trem não chegou), infelizmente.
As autoridades têm que olhar o Brasil, em matéria de sistema viário, de frente para o espelho de uma realidade nua e crua. Ninguém se vê tentando olhar-se colocando o espelho na nuca. O Brasil tem jeito, tem solução, mas tão somente com muitas ferrovias.
Fonte: Genésio Pereira dos Santos – Advogado, jornalista e associado da Aenfer
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