Depois de mais de dois anos de paralisação, a Secretaria de Estado de Transportes retoma nesta segunda-feira as obras do bondinho de Santa Teresa. Os trabalhos, que incluem remoção de trilhos e dormentes e substituição das peças, serão realizados no trecho de 1,5 km que vai da Praça Odylo Costa Neto até o Largo do França (subida e descida). E o prazo de conclusão é de quatro meses. Segundo a secretaria de transportes, as obras serão executadas no âmbito do contrato existente com o Consórcio Elmo/Azvi, custando cerca de R$ 9 milhões.
A via completa possui cerca de dez quilômetros de extensão e vai até a Estação Silvestre, próxima ao Corcovado. Atualmente, o serviço é prestado em trecho de cerca de quatro quilômetros, até a Praça Odylo Costa Neto. De acordo com a secretaria, este percurso já atende cerca de 80% do número de passageiros transportados em 2010, oferecendo 74 viagens por dia, com 2.368 lugares e uma ocupação média de 44%.
Por causa das obras, a prefeitura realizará interdições no trânsito da região. De acordo com o Centro de Operações, haverá a interdição de uma faixa da Rua Almirante Alexandrino, de forma alternada, a partir das 7h da manhã desta segunda-feira. A liberação do tráfego está prevista para 30 de setembro. As linhas de ônibus 006 e 007, que trafegam na via, não sofrerão alteração de itinerário. Os pontos de ônibus em frente aos números 1.308 (sentido Silvestre) e 1.405 (sentido Centro) serão desativados, os passageiros deverão se dirigir aos dois pontos já existentes, próximos ao número 1.520.
A retomada das obras é vista com bons olhos pela Associação de Moradores de Santa Teresa (AMAST), mas, segundo o vice-presidente da entidade, Álvaro Braga, todos estão preocupados com o desfecho do caso:
— Estamos preocupados porque o consórcio que reassumiu as obras foi o mesmo que abandonou os canteiro depois do Carnaval de 2016. Tivemos muitos problemas com eles, que nos quase dois anos em que trabalharam aqui fizeram muito pouco: abriam novos canteiros antes mesmo de terem terminado os serviços nos anteriores, causando muitos transtornos. Além disso, vimos com preocupação o fato de estarmos no final do governo — comentou.
Em abril, o secretário de Estado de Transportes, Rodrigo Vieira, informou durante audiência pública realizada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj) que investiga as irregularidades da gestão pública no setor de transportes que o estado não teria condições de retomar as obras do sistema de bondes. Segundo ele, faltava de recursos para custear a obra, estimada inicialmente em R$ 58,6 milhões (em junho de 2013), mas cujo orçamento, três anos depois, já passava de R$ 125 milhões.
A AMAST também questiona o fato de as obras realizadas até agora só terem contemplado a linha 1.
— E, mesmo assim, não corresponde nem a metade desta linha. Estamos muito preocupados porque o estado não fala na linha Paula Mattos. Este projeto tem mais a função de retomar o bonde como equipamento turístico. Não podemos esquecer que ele é um meio de transporte para os moradores de Santa Teresa. As viagens precisam ter horário regulares e com intervalos menores — criticou Álvaro Braga.
Atualmente, segundo dados apresentados na CPI dos Bondes, a Secretaria de Estado de Transportes (Setrans) opera com cinco veículos de domingo a domingo. Três circulam diariamente, um fica em manutenção preventiva e outro na reserva. Os bondes percorrem o trecho que vai do Largo da Carioca, passa pelos Arcos da Lapa e chega à Praça Odylo Costa Neto, no Largo dos Guimarães. Os intervalos oscilam entre 20 minutos, pela manhã, e 15 minutos, à tarde. A passagem de ida e volta custa R$ 20.
Fonte: Extra, 16/07/2018
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