O ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, admitiu nesta segunda (30) que a ferrovia Rio-Vitória, um dos projetos estudados pelo programa de concessões de governo, não tem viabilidade econômica. Segundo ele, a obra depende da conclusão do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), que teve as obras suspensas em 2015.
Em encontro com empresários do setor de energia no Rio, Moreira Franco sugeriu que os presentes “façam pressão unto à Petrobras para que decida o mais rápido possível a retomada daquele complexo”. A estatal negocia concluir parte do projeto com a chinesa CNPC.
Durante o encontro, o ministro assinou a outorga da térmica GNA 2, que será implantada no Porto do Açu, projeto idealizado por Eike Batista e hoje controlado pela Prumo. Antes de discursar, ouviu o presidente da Prumo, José Magela, um apelo pela construção da ferrovia.
“Nós contávamos com o Comperj. Infelizmente, o empreendimento não se viabilizou e, consequentemente, não tivemos as condições materiais para que essa alternativa ferroviária fosse posta de pé”, respondeu o ministro.
O Comperj foi desenhado como um grande polo petroquímico, mas tem hoje apenas duas instalações previstas: uma unidade de tratamento de gás natural, já em obras, e a primeira etapa da refinaria, em negociação entre Petrobras e chineses.
A Prumo conta com a ferrovia para apresentar o porto do Açu, localizado no Norte-Fluminense com alternativa para o escoamento de grãos. “Esperamos que seja prioridade”, disse Magela, em entrevista após o evento.
A empresa espera que o projeto seja incluído no processo de extensão da concessão da FCA (Ferrovia Centro Atlântica), hoje em negociação com o governo.
GÁS
Atualmente, o Porto do Açu tem operações principalmente com minério de ferro e petróleo. O terminal de minério, porém, está paralisado devido à suspensão das operações da Anglo American em Minas Gerais, após dois rompimentos na tubulação que leva a produção ao porto, em março.
A Prumo está construindo uma térmica no local, com capacidade para gerar 1,3 mil megawatts (MW) e espera começar no início de 2019 as obras da segunda, cuja outorga foi assinada nesta segunda, com potência de 1,6 mil MW.
Juntos, os dois projetos consumirão R$ 8 bilhões em investimentos. Inicialmente, vão consumir gás importado, mas a ideia da empresa é ligar o porto a campos de petróleo e gás na costa brasileira.
Fonte: Folha de S. Paulo, 30/07/2018