Além de prejudicar a operação ferroviária, os recorrentes casos de vandalismo contra os trens colocam também em risco a integridade de passageiros e funcionários da SuperVia. Um exemplo disso foi registrado na noite de ontem (17/01), quando um maquinista foi atingido por estilhaços de vidro de um para-brisa danificado por um objeto arremessado contra o trem. O caso ocorreu por volta das 20h, em uma composição que estava saindo da estação Augusto Vasconcelos, seguindo para Santa Cruz (ramal Santa Cruz).
O funcionário sofreu ferimentos superficiais no olho direito e precisou interromper imediatamente a viagem na estação seguinte (Campo Grande). Os passageiros fizeram transferência para outra composição e seguiram viagem. O trem atingido foi levado para a oficina. Em casos como esse, é necessário que o trem fique parado por pelo menos 48 horas para manutenção. Após atendimento médico especializado, o maquinista foi liberado para voltar ao trabalho. “Eu estava na velocidade máxima naquele trecho quando avistei duas pessoas na linha, de repente veio a pedrada. A 80 km/h, o impacto provocou um barulho muito alto. Os estilhaços vieram na minha visão e não consegui enxergar mais nada. Outro maquinista que estava comigo assumiu o controle do trem e encerrou a viagem em Campo Grande. Consegui tirar do olho um pedaço grande de vidro, mas ardia tanto que achei que tivesse afetado minha visão. Depois o médico retirou mais um pedaço de vidro e constatou que a visão não foi prejudicada, graças a Deus. Não sei nem como descrever um vandalismo como esse. Uma pessoa que joga pedra em direção ao maquinista não pensa que pode me ferir, eu posso desmaiar, que pode até acontecer uma tragédia com os mais de 2 mil passageiros do trem”, alerta o funcionário, que há oito anos trabalha na SuperVia, sendo quatro anos como maquinista.
Essa não é a primeira vez que um maquinista da SuperVia é ferido desta mesma forma. Ao longo dos 270 quilômetros da malha ferroviária, infelizmente, é comum encontrar crianças e adultos que invadem a linha férrea ou se posicionam sobre passarelas e viadutos para cometer esses atos. Por mais que os para-brisas sejam reforçados com várias camadas de vidro, dependendo do peso do objeto e da distância da qual é arremessado, podem ser perfurados. Em 2018, a SuperVia registrou 61 casos para-brisas atingidos por pedras e gastou cerca de R$ 2 milhões nos reparos ou trocas dessas peças.
Preocupada com a questão, a empresa realiza campanhas de conscientização por meio dos seus canais de comunicação, com o objetivo de cultivar bons hábitos no sistema ferroviário. A estação Central do Brasil já recebeu, inclusive, uma exposição de para-brisas quebrados, realizada pela concessionária para sensibilizar os passageiros sobre este problema.
Fonte: SuperVia, 18/01/2019