Com grandes periferias pobres, a cidade de São Paulo foi considerada a mais desigual, entre 20 grandes cidades estudadas, quando se analisa o acesso a empregos em até 30 minutos de caminhada, mostra estudo Desigualdades de Acesso a Oportunidades nas Cidades Brasileiras, desenvolvido pelo ITDP Brasil e pelo Ipea.
De acordo com o documento, o número de empregos acessíveis pelos 10% mais ricos da população em São Paulo é nove vezes maior do que o número de empregos acessíveis pela parcela 40% mais pobre. Essa razão de nove vezes, conhecido como indicador da Razão de Palma, mira o nível de desigualdade de acesso a oportunidades.
Isso pode ser explicado, em parte, pela distribuição socioespacial de renda e oportunidades e a dimensão da cidade, o que faz com que os pobres estejam concentrados longe das principais zonas de empregos, acontecendo o contrário para os ricos, explicam os técnicos no documento divulgado nesta quinta-feira.
O município do Rio de Janeiro aparece em posição oposta nesta ranking de desigualdade ao acesso de oportunidades, com uma das menores razões de Palma entre as cidades analisadas, abaixo de três vezes. Segundo o estudo, isso também teria relação com a distribuição da população pelo território.
Suspeita-se que isso aconteça porque o Rio apresenta aglomerações de população de baixa renda próximas ao centro da cidade, o que faz com que maior parcela dos mais pobres tenha maior proximidade e melhor acesso caminhando a empregos, acrescentaram os pesquisadores do Ipea e do ITDP.
O estudo se concentra em como a mobilidade urbana afeta a igualdade nas cidades. No caso do Rio, isso fica evidente na área de saúde. De acordo com a pesquisa, apenas 17% da população conseguiria chegar a um dos 108 estabelecimentos com serviços de alta complexidade na cidade em menos de 15 minutos por transporte público.
A tendência histórica de concentração de atividades em áreas centrais e o espraiamento da população nas maiores cidades brasileiras contribui para a desigualdade, especialmente nos grupos de baixa renda, levados a morar em regiões com menos desenvolvimento econômico e menos servidas de infraestrutura e serviços de transporte, avalia o estudo .
Fonte: Valor Econômico, 17/01/2020