A história das ferrovias no país fará parte do acervo de um museu virtual que está sendo criado pela FuMTran (Fundação Memória do Transporte) e que deve ser colocado no ar até o fim deste ano.
Criada pela CNT (Confederação Nacional do Transporte) em 1996, a fundação tem o objetivo de preservar a memória e a cultura do transporte brasileiro de carga e de passageiros, além de logística e infraestrutura.
A proposta é contar a história de todos os modais de transporte -ferroviário, aéreo, rodoviário e aquaviário-, a partir de um projeto que foi idealizado em 1995, um ano antes de seu surgimento, e que inicialmente resultaria na construção de um museu físico.
No acervo, estarão histórias de como as ferrovias impactaram a economia a partir da segunda metade do século 19 e de seu desenvolvimento principalmente até as três primeiras décadas do século passado.
Quando as ferrovias surgiram, o país era visto sem ressalvas pelo mercado externo e obteve investimentos sobretudo ingleses, o que permitiu sair da estagnação econômica que vivia e impulsionar seu desenvolvimento, conforme o brasilianista William Summerhill, autor do livro “Trilhos do Desenvolvimento: Ferrovias no Crescimento Econômico Brasileiro 1854-1913”.
Uma equipe composta por especialistas está digitalizando cerca de 20 mil itens que deverão fazer parte do acervo inicial do museu, que terá uma linha do tempo contando paralelamente as histórias dos modais e como eles se relacionaram ao longo do tempo. Farão parte do acervo fotos, vídeos, áudios, entrevistas e documentos sobre os transportes.
“De todas as modalidades, a ferrovia é a que tem material reunido há muito tempo, de forma ainda bastante dispersa, já que tem muitos museus por aí. O que temos de fazer é um trabalho de fotografia muito bem feito e ilustrar bem esse momento tão importante para o país”, disse Geraldo Vianna, presidente da fundação.
Conforme ele, serão traçados os grandes marcos envolvendo cada modal, de forma a conduzir os visitantes pela linha do tempo do setor. Sobre as ferrovias, Vianna afirmou que acabar com elas “foi um erro estratégico” do país.
“O que é importante é que o que ocorre hoje é presente, mas amanhã já será passado. E tudo isso é fundamental para entender o que fizemos e para onde podemos ir no futuro.”
ORIGEM
A proposta original era a criação de um museu físico, às margens da rodovia Dom Pedro, em Campinas, no km 143.
A fundação iniciou a captação de recursos, cuja meta para a primeira etapa era alcançar R$ 10 milhões. O projeto total custaria R$ 100 milhões.
Mas a crise que o país passou a viver após 2013 fez com que somente cerca de R$ 2 milhões fossem doados à época por empresas do setor ao projeto.
“Entre fazer o projeto, aprovar no então Ministério da Cultura e sair para captar o dinheiro [via Lei Rouanet], veio a crise de 2013, 2014 e 2015 e aí o dinheiro sumiu. A fundação não conseguiu arrecadar quase nada. Aí surgiu a possibilidade do museu virtual, já que o físico, além de muito caro, para ter caráter de nacional, multimodal, seria complicado, pois fica na margem de uma rodovia e o interessado teria de ir lá visitar”, disse.
Após conseguir transferir os valores arrecadados para a nova versão do projeto, a intenção é colocar o portal bilingue no ar até o final do ano.
Fonte: https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2020/06/20/fe…
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