Pontualmente às 7 horas da manhã, Gisele Maria da Conceição da Silva, 38 anos, começa seu dia de trabalho no pátio ferroviário da Rumo, em Maringá, no norte do estado do Paraná.
Ela trabalha manobrando trens, fazendo engate e desengate de vagões e locomotivas, e é responsável pela vistoria técnica das composições e de sinalização dos trilhos. Gisele garante a segurança da operação de chegada e partida dos trens até 15h20, quando termina seu turno.
Serviço essencial, o transporte ferroviário abastece terminais e portos do país e, por isso, Gisele não parou de trabalhar com a pandemia. “Meu trabalho é essencial, é fundamental para toda logística que envolve a operação ferroviária”.
O segmento de logística vai bem no Brasil e profissionais da área têm boas oportunidades, segundo levantamento feito pela Catho para a edição de maio da VOCÊ S/A. O trabalho não parou na maior operadora de ferrovias do Brasil, mas a rotina mudou com a pandemia. Mais equipamentos de proteção individual, álcool gel, máscaras, distanciamento social e orientações de segurança para evitar contaminação agora são regra na empresa, segundo Gisele.
Os novos desafios são encarados com coragem e determinação por Gisele. Ainda que há pouco tempo na profissão, já sonha em seguir carreira na empresa e conquistar um posto de maquinista. Confira a entrevista com ela:
Como é a sua rotina de trabalho?
Todos os dias a primeira atividade que temos é a reunião do DDS (Diálogo Diário de Segurança). Nesta reunião, a nossa liderança repassa todas informações da programação dos trens durante o meu turno de trabalho, reforça as orientações de segurança na operação e fazemos o check-up do uso correto de todos EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) essenciais para desempenhar a nossa função com segurança.
Meu trabalho é fundamental para toda logística que envolve a operação ferroviária. Eu trabalho diretamente na formação dos trens, auxiliando no engate e desengate de vagões e locomotivas, além de fazer a vistoria das composições, via permanente e sinalização, atendendo todos os procedimentos técnicos, operacionais e de normas de segurança que são necessários para garantir a entrada e saída dos trens com segurança no pátio.
Qual o impacto da pandemia de Covid-19 na sua rotina? O coronavírus mudou a rotina?
Mudou bastante. Desde o começo da pandemia eu tenho seguido as orientações de distanciamento social, inclusive, no trabalho onde diariamente recebemos as instruções das lideranças reforçando as instruções sobre a distância segura, a higienização frequente das mãos com álcool gel e uso correto das máscaras. É um cuidado que também reforçamos em casa, tenho uma filha de 18 anos e um filho de 23 anos que também estão seguindo as orientações de saúde.
Como você está encarando esse momento de pandemia?
É um momento de aprendizado e que devemos valorizar os pequenos gestos do nosso dia a dia. Muitas vezes não damos valor para um simples abraço e acredito que isso vai mudar quando essa situação passar. Sinto muitas saudades de visitar meus familiares que moram em Fênix (cidade há cerca de 100 quilômetros de Maringá), mas entendo a importância de manter o distanciamento para que em breve possamos retomar esses encontros com as pessoas que amamos.
Como tem sido o relacionamento com os colegas de trabalho?
Todos meus colegas estão bem conscientes sobre o papel de cada um neste momento. Apesar do distanciamento social, o companheirismo e o trabalho em equipe sempre prevalecem..
Você se sente mais valorizada como profissional essencial à sociedade?
Com certeza. O transporte ferroviário de cargas é muito importante para abastecer os terminais e portos do país. Fazer parte dessa tarefa é uma satisfação, saber que cada trem que sai do pátio está contribuindo para o dia a dia das pessoas neste momento é motivo de orgulho.
Qual o principal desafio na sua profissão nesse momento?
Estou há pouco tempo na profissão de manobradora, mas tem sido uma experiência maravilhosa na minha vida trabalhar com trens e todo dia aprender novas coisas sobre esse universo que é a ferrovia. Quem sabe no futuro eu não possa me tornar maquinista? É um dos sonhos que eu tenho.