A partir de hoje, os passageiros de trem precisarão se programar mais cedo. A SuperVia anunciou mudanças na grade operacional dos trens sob a alegação de que precisa adequar a oferta dos transportes à atual demanda, que caiu 40% desde que a pandemia de Covid-19 chegou, em março.
No novo modelo de operação, os intervalos dos trens de todos os ramais ficarão mais longos. Para amenizar o prejuízo dos usuários, nos horários de pico da manhã (entre 5h e 8h) e da tarde (das 17h às 19h) serão dois minutos de espera a mais, em média. Nos horários “de vale” — como é chamado o período com menor movimento — e nos fins de semana, os passageiros vão precisar de mais paciência para aguardar uma composição.
Segundo a SuperVia, esse reajuste foi estratégico para diminuir os custos das operações, considerando que durante a crise sanitária a concessionária deixou de arrecadar cerca de R$ 247 milhões com a redução da demanda de 56 milhões de passageiros desde março. Para apertar o cinto, a empresa ainda decidiu diminuir a frota, desativando ao menos 30 trens.
Em entrevista ao EXTRA, Antônio Carlos Sanches, presidente da SuperVia, explicou que a logística desse novo esquema foi desenhada para ainda respeitar a taxa de ocupação dos transportes em 60%, mas muitos passageiros ainda reclamam que os trens continuam lotados.
— Fizemos um estudo em todos os ramais. Em alguns casos, fizemos um ajuste pequeno, em outros um pouquinho maior — conta Sanches, que acrescenta: — Sabemos que as pessoas comentam sobre lotação, mas tentamos explicar: só 15% dos passageiros que entram no trem conseguem sentar, e os demais vão em pé; isso é assim no mundo inteiro. Quando as pessoas entram no vagão e veem pessoas em pé, o pessoal diz que está lotado. Mas não está, porque tínhamos 600 mil passageiros por dia antes da pandemia, estamos com 350 mil agora. Então, como está lotado? Recebemos um retorno da fiscalização falando que estamos respeitando essa taxa de lotação de 60%.
Desde o começo da pandemia, a SuperVia chegou a fazer outros ajustes na grade operacional. Novas alterações deverão ser estudadas quando mais passageiros voltarem a usar o transporte ferroviário.
— A nossa demanda chegou a cair 74% no começo da pandemia. Hoje, está 40% menor. A previsão até dezembro é que a gente melhore, mas que essa queda ainda continue em 35%. Então, a gente tem que sempre fazer as adequações na grade. Se a demanda aumentar, a gente vai, sim, colocar mais trens — conclui.
Fonte: Jornal Extra, 05/11/2020