SuperVia: Campanha virtual pede suspensão de reajuste

A ONG Meu Rio lançou a campanha “SuperVia, aumento não” pedindo a suspensão do reajuste da tarifa dos trens, prevista para começar a vigorar na próxima terça-feira, dia 2. A intenção é incentivar usuários do serviço a enviar e-mails para os gabinetes do governador em exercício Cláudio Castro; do secretário estadual de Transportes, Delmo Pinho; e dos presidentes da SuperVia e da Agetransp. Até o começo da tarde desta segunda-feira já havia sido registrado o envio de cerca de 5 mil mensagens. Caso seja mantido o aumento, a passagem passará dos atuais R$ 4,70 para R$ 5,90. O novo valor, calculado com base no IGP-M, representa um acréscimo de 25,5%.

Um novo protesto, esse presencial, está previsto para a tarde da próxima segunda-feira, véspera da data em que o aumento deve passar a vigorar. O ato publico que está sendo convocado por várias organizações e movimentos, como a Casa Fluminense, Meu Rio e União Estadual dos Estudantes será em frente a sede da Agetransp, órgão que aprovou o aumento, às 17h. Uma reunião nesta tarde vai definir como será feito o protesto, de modo a serem respeitadas regras sanitárias, como uso de máscara e respeito ao distanciamento pelos manifestantes.

– Há essas duas frentes de pressão. Tanto a digital, em que a gente mobiliza cidadãos e usuários para pressionar os tomadores de decisão, como a presencial. A gente quer acreditar que estão negociando para baixo dos R$ 5,90. Essa é nossa expectativa de que o governo pressione esse preço para baixo. A SuperVia está alegando problemas financeiros. Nossa posição é contra o aumento, mas por outro lado entendemos a situação da empresa, mas exige transparência sobre receita e despesas, para entender qual a parte de dinheiro que está faltando e onde para ver como o estado pode conseguir outras fontes de financiamento. O Congresso Nacional aprovou um pacote de socorro ao setor de Transportes de R$ 4 bilhões no ano passado. Só que o governo federal vetou isso. Aquilo poderia dar um respiro para que a pressão sobre o aumento fosse menor, mas não aconteceu – argumentou Henrique Silveira, coordenador executivo da Casa Fluminense.

Os usuários já calculam o peso no orçamento que o reajuste vai representar. Para o ajudante de pedreiro Eduardo Nogueira, de 35 anos, são mais de R$ 52 mensais, considerando ida e volta, de segunda a sexta-feira, que vão fazer falta.

– Vou ter que apertar o cinto senão o orçamento não vai fechar no fim do mês. Nada subiu 25%. Não entendo por que a passagem do trem tem que ter esse reajuste – reclamou o usuário do ramal Santa Cruz.

Outros defendem a suspensão do aumento, por considerá-lo inapropriado num momento de pandemia.

– Acho o aumento abusivo. A Secretaria municipal de Transporte, disse que não haverá aumento nos ônibus (municipais), acho que o estado deveria seguir o exemplo e não seguir com o aumento (dos trens) – sugere o gestor de logística Douglas Mendonça, de 32 anos, usuário do ramal Saracuruna.

Ao anunciar o reajuste, no fim de dezembro, a Agetransp argumentou que seu papel é de fiscalizador e regulador da operação. Por isso, não tem poderes para alterar critérios de reajuste previstos no contrato com o governo do estado.

Mas, por reconhecer que o índice é elevado, o conselho diretor da agência, numa decisão inédita, recomendou ao estado avaliar soluções para minimizar o impacto para o usuário, levando em conta a pandemia. As sugestões incluíam negociar com a SuperVia a adoção de uma tarifa social, proporcionar subsídio ou outra compensação.

Tanto o estado como a concessionária confirmaram na época terem iniciado tratativas no sentido de minimizar o impacto do reajuste para os passageiros. Porém, a uma semana da entrada em vigor do aumento, as negociações ainda não chegaram a um consenso.

Procurado de novo nesta segunda-feira, o estado informou que ainda está em tratativas com a SuperVia. “Além de um valor mais adequado ao atual cenário socioeconômico, em virtude da pandemia, o objetivo dessa negociação é garantir o equilíbrio econômico-financeiro do contrato”, informou por meio de nota.

Já a SuperVia argumentou que está em permanente contato com o governo do estado, que é o poder concedente, para avaliar as medidas possíveis sobre o reajuste da passagem, preservando as características do contrato de concessão e garantindo o equilíbrio financeiro da concessionária. A empresa alega ainda que, por conta da pandemia, desde março de 2020, acumula uma perda financeira de R$ 315 milhões, resultado da redução de 72,4 milhões de passageiros no mesmo período.

Confira a nota do governo do estado

“O Governo do Estado está em tratativas com a SuperVia para definir medidas visando à redução do impacto do reajuste anual da tarifa do sistema ferroviário homologado pela Agetransp, no valor de até R$ 5,90, previsto para vigorar a partir de 2 de fevereiro de 2021. Além de um valor mais adequado ao atual cenário socioeconômico, em virtude da pandemia, o objetivo dessa negociação é garantir o equilíbrio econômico-financeiro do contrato”.

Confira a nota da SuperVia

“A SuperVia está em permanente contato com o Governo do Estado do Rio de Janeiro, que é o poder concedente, para avaliar as medidas possíveis sobre o reajuste da passagem, preservando as características do Contrato de Concessão e garantindo o equilíbrio econômico financeiro da concessionária.

O reajuste anual da tarifa unitária do serviço de transporte ferroviário de passageiros de 2021 foi homologado pela Agetransp de acordo com índice previsto no contrato de concessão – o IGP-M, que resultou em um valor máximo de até R$ 5,90.

A SuperVia lembra ainda que, em função da pandemia do coronavírus, desde março de 2020 acumula uma perda financeira de R$ 315 milhões resultado da redução de 72,4 milhões de passageiros no período. A concessionária, assim como os outros modais de transporte público do Rio de Janeiro, depende exclusivamente da venda das passagens para dar continuidade à prestação do serviço e não conta com qualquer subsídio do governo.

A expectativa inicial da SuperVia era que recuperação completa de clientes se daria no segundo semestre de 2021. Mas a crise econômica do país e o aprofundamento da crise no Rio de Janeiro alteraram a previsão para a retomada da demanda, que agora deve ocorrer apenas no final de 2022 ou início de 2023”.

Fonte: https://oglobo.globo.com/rio/campanha-virtual-pede-susp…

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