Em qualquer país europeu, assim como nos Estados Unidos e nas maiores economias da Ásia, o deslocamento de pessoas entre cidades é o pilar de um bom planejamento urbano e até da distribuição de riqueza das grandes metrópoles. E isso costuma ser feito por trem, por várias razões: mais transporte por trilhos significa menos carros nas ruas, menos congestionamentos, menos barulho e poluição do ar. Um jogo em que todos os lados ganham, e que o Brasil poderia desfrutar há pelo menos um século. Um estudo recente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) apontou que, proporcionalmente, o Brasil tinha uma malha ferroviária maior durante a monarquia do que hoje.
Tentando correr atrás do tempo perdido e buscando reativar planos adiados nas últimas décadas, o governo do Estado de São Paulo quer pisar no acelerador no projeto do Trem Intercidades (TIC), que liga o centro da capital paulista à cidade de Campinas, no interior, em um trajeto de uma hora. A previsão é que, já no terceiro trimestre, haja uma consulta pública para que a obra seja licitada junto com a Linha 7-Rubi.
O projeto ainda depende do sinal verde do governo na renovação antecipada do contrato da MRS, concessionária que opera uma malha ferroviária federal. A companhia, em contrapartida à exigência de uma série de investimentos, terá a prorrogação do contrato de concessão por mais três décadas. O investimento que deverá custar mais caro é a segregação das linhas destinadas a carga e a passageiros, que atualmente são compartilhadas sobre os mesmos trilhos. No total, o investimento é estimado em R$ 5 bilhões.
Com a participação direta do governador de São Paulo, João Doria, a equipe econômica do estado avalia qual será a melhor configuração da nova concessão, especialmente na questão do reparte dos recursos que serão demandados da MRS e dos vencedores do edital. Como se trata de uma PPP, uma parte dos investimentos sairá dos cofres estaduais.
Fonte: Fonte: istoedinheiro.com.br, 05/02/2021