A política de diminuição do governo federal, passando órgãos e empresas públicas federais à iniciativa privada e aos governos estaduais, mais uma vez aparece no cenário ferroviário.
O órgão da vez foi a CBTU, onde a estadualização dos seus serviços já era prevista desde a Constituição de 1988, mas pontuamos que é no mínimo equivocada a forma como a Direção da CBTU, resolveu implementar esta matéria, no apagar das luzes deste fatídico ano 2020, traçando diversas diretrizes, dentre elas a extinção da sua sede no Rio de Janeiro.
Esta medida além de não trazer nenhum ganho administrativo para o propósito, também significará mais um duro golpe contra a Cidade, pois com certeza acontecerá mais desemprego, além, é claro, da lamentável forma como estão sendo tratados os seus funcionários, como meros objetos a serem removidos de uma prateleira para outra, sem um mínimo de cuidado e respeito, para quem dedicou grande parte das suas vidas à Empresa.
Para nós ferroviários, fica patente a necessidade do trabalho conjunto de toda a categoria, para enfrentar qualquer ameaça que se apresente aos nossos direitos.
Esperamos que a Direção da CBTU busque formas, e isto não nos parece tão inexequível, haja vista a carência de pessoal em diversos órgãos federais existentes na cidade e a recente bem-sucedida realocação havida, com empregados da RFFSA e VALEC. Acaso não prevaleça o bom senso de reverter esse processo, que ao menos sejam resguardados os ferroviários que não se dispuserem à transferência, mantendo-os em seus locais habituais de ofício.
Fazemos coro com os demais órgãos representativos da Classe Ferroviária para que seus empregados sejam tratados com o respeito e a consideração que merecem. É extremamente preocupante, e mesmo inviável, no atual momento e com salários bastante aviltados, forçar a transferência desses ferroviários para Brasília, cidade extremamente cara para os nossos padrões.
Perderá o Brasil se prescindir dessa mão de obra qualificada, responsável por anos de formação em transporte público, preocupação essa, certamente não ponderada pelo mentor dessas medidas.
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À AENFER
O Manifesto da AENFER mais uma vez
só faz confirmar a falta de sensibilidade das autoridades
para as questões que envolvem o transporte ferroviário.
Agora, especificamente o caso da CBTU.
As decisões parecem ser tomadas em ambientes restritos,
sem envolver profissionais que se dedicam há anos ao estudo da áreas
dos transportes.
Ainda no dia 11 de janeiro (segunda-feira), a Folha de São Paulo
fez uma extensa reportagem acerca do Turismo Ferroviário, mais concentrado
em São Paulo. Isso pouco importa…o importante é ressaltar a ferrovia.
O The Guardian colocou Curitiba – Morretes entre os dez melhores passeios
turísticos do mundo do mundo.
Quando o Brasil irá acordar para a importância das ferrovias em
todo o espectro dos transportes ?
Sei que o momento está a merecer a dedicação ao enfrentamento do coronavírus…
Mas parece que até nisso deixamos a desejar….
Engenheiro Maurício F G de Souza – Associado da Aenfer