Um dos maiores desafios da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A é a continuidade da obra da Ferrovia Transnordestina. Contudo, segundo o diretor presidente da estatal, André Kuhn, os trabalhos para a retomada desse projeto estão sendo bem desenvolvidos e a solução está próxima de ser finalizada e, com isso, poderá ocorrer o retorno do ritmo adequado das obras em um curto espaço de tempo. “Isso vai depender das negociações referente à proposta da nova modelagem. Depois das tratativas, será feito um novo cronograma de execução das obras”, afirmou o executivo durante a Paving Virtual, mais completo evento online da área de infraestrutura viária e rodoviária, promovido pela STO Feiras e Eventos.
Para ele, depois de finalizada, a Transnordestina, que é bastante utilizada na área de mineração, poderá ser uma alternativa para o escoamento da safra e de produtos agrícolas, assim como as demais ferrovias que estão com obras em andamento ou com previsão para início da construção.
Ferrovia de Integração Oeste-Leste, Kunh ressaltou que a ferrovia tem o potencial de diminuir entre 80% a 86% da emissão de gases de efeito estufa por ano. “Temos que trabalhar na mitigação desses impactos e quando falamos em ferrovia há benefícios ao meio ambiente”, pontuou. Em termos econômicos, esse modal gera riquezas para o país, com emprego e renda.
Especificamente sobre o Lote 2 da FIOL, Kuhn mostrou que a concessão pode gerar R$ 9,2 bilhões em receita fiscal, impactar em 0,15% o PIB de transporte nacional, reduzir em média 73% no frete médio na tonelada quilômetro útil e impactar cerca de 19 mil pessoas em termos de empregos diretos, indiretos e efeito renda.
Durante sua apresentação, o diretor presidente da Valec interagiu com o presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Vicente Abate, que falou sobre a importância do mecanismo de investimento cruzado, que possibilita aplicar recursos em diversos empreendimentos. Um exemplo é a Vale, que renovou a concessão da Ferro Carajás e da Vitória-Minas e, ao mesmo tempo, irá aplicar de R$ 2,73 bilhões para a construção do trecho da FICO – Ferrovia de Integração Centro-Oeste, entre Mara Rosa (GO) até Água Boa (MT). Ao final de sua participação, ele comentou sobre a possibilidade de unir três grandes lotes (FIOL 2, FIOL 3 e FICO) em uma concessão para dar ainda mais atratividade aos empreendimentos.
Tecnologia amplia segurança no pouso e decolagem no Aeroporto de Congonhas
O superintendente de Engenharia da Infraero, Giuliano Capucho, trouxe o case de implantação do primeiro Engineered Material Arrested System (EMAS), uma tecnologia de segurança para frenagem de aeronaves em situações de ultrapassagem dos limites da pista, cujos benefícios são diminuir riscos de acidentes por controlar a frenagem, maior facilidade e segurança em procedimentos de evacuação do avião, mínimo de dano à aeronave, rapidez na remoção do ativo e recuperação ágil do sistema após sua utilização.
O sistema está em implantação no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e o término da obra está previsto para maio de 2022. “Essa é a última etapa de investimentos em segurança operacional da pista de pouso e decolagem desse aeroporto”, disse Capucho em sua palestra na Paving Virtual. O montante total investido pela Infraero para melhorias em Congonhas é da ordem de R$ 150 milhões. Essa tecnologia foi implementada em aeroportos nos Estados Unidos, com Logan (Boston), LaGuardia (Nova York) e Burbank (California).
Soluções de baixo custo podem ampliar a segurança em rodovias e vias urbanas
A implantação de soluções de baixo custo, como por exemplo, a instalação de sonorizadores, de balizadores e de barreiras de contenção lateral, podem diminuir os riscos de acidentes de trânsito em rodovias. E, essa aplicação geraria um aumento de menos de 10% no custo por quilômetro da estrada. “É preciso mudar o conceito de “boa rodovia”, porque melhorar questões de trafegabilidade, mobilidade e conforto não geram, necessariamente, mais segurança para motoristas, passageiros e pedestres”, disse o membro colaborador da Associação Brasileira de Segurança Viária (ABSev), Frederico Rodrigues, em palestra na Paving Virtual. Nos últimos três anos, os custos com acidentes de trânsito em rodovias federais alcançaram um montante médio de R$ 25 bilhões por ano.
O membro colaborador da ABSev, Diego Bastos de França, destacou que, no Brasil, mais de 23 pessoas a cada 100 mil habitantes morrem em acidentes de trânsito a cada ano. No caso das vias urbanas, uma redução de 5% média na velocidade pode diminuir em 30% dos acidentes fatais. Nesse sentido, ele ressaltou a importância da implantação de estratégias de vanguarda nos municípios brasileiros, como por exemplo, travessia elevada de pedestre, lombada ecológica, sonorizadores, chicanas, redução de curvas nas esquinas, extensão de calçadas, minirrotatórias, ilhas de pedestres e iluminação nos pontos de travessia. “É importante lembrar que a cada metro de travessia, a frequência de atropelamento aumenta em 3%”.
A Paving Virtual contou no terceiro dia com as palestras da gerente geral da Moba, Patricia Herrera, que interagiu com o público, falando sobre inovação sustentável na pavimentação; do gerente técnico da Ulma Construction, João Carlos Fonseca Junior, que tratou de novas tecnologias da marca aplicadas na construção de pontes e túneis; do gerente de Engenharia da Pavesys Engenharia, Elemar Taffe Jr., e da engenheira Shanna Lucchesi, que mostraram como o iRAP (Programa Internacional de Avaliação de Estradas) pode ajudar salvar vidas; do BIM Manager da AX4B, Anderson Santos, que tratou dos desafios e tendências do uso do BIM (Building Information Modeling) para projetos de infraestrutura; do especialista em desenvolvimento de negócios da Kennametal, Ricardo Picarone, sobre as tecnologias da empresa para aumentar produtividade e economia na área de fresagem de asfalto.
A programação foi encerrada pelo coordenador da Sitech, Vanderlei Zermiani, pelo Channel Performance Manager da Trimble, Franco Ramos, e pela Head de Inovação da Camargo Corrêa Infra, Caroline Abreu, que apresentaram os desafios da adoção das tecnologias de controle de máquinas na pavimentação brasileira.
Durante três dias (4 a 6 de maio), a Paving Virtual ofereceu uma oportunidade ímpar para os profissionais atualizarem e renovarem seu conhecimento, ficarem por dentro de lançamentos em produtos, equipamentos, serviços e soluções das principais empresas do setor, ampliarem seu relacionamento e negócios. Por ser multiplataforma, o evento contou com a Business Session e a Learning Session, além do Pavilhão Virtual, com 40 marcas expositoras.
Fonte: Abifer, 10/05/2021