Para a construção da Estação Central da Leopoldina (na época “The Leopoldina Railway Company Ltd/LR”), foi contratado o escritório do arquiteto inglês Robert Prentice. Tratava-se de uma construção de grande porte com 130 m de largura de fachada frontal e quatro pavimentos, sendo a forma arquitetônica empregada por Prentice um raro exemplo da arquitetura oficial edwardiana, linhagem de construções palacianas inglesas.
O prédio foi infelizmente inutilizado em suas funções pela não execução do projeto original, que previa uma ala esquerda completando o volume assimétrico atual.
Internamente, há um grande espaço na Gare, que tem o seu teto em estrutura metálica (as mesmas vinham fabricadas da Inglaterra e montadas no Brasil), que constituiu uma característica arquitetônica clássica de estações ferroviárias do século XIX e início do XX.
O grande salão assim coberto é cercado por colunas toscanas e arcos plenos. O acesso ao hall principal dá-se através de três pontes em arco sob uma marquise.
As obras tiveram o seu início em 15/11/1924 e a Estação inicial da LR foi inaugurada sob o nome “Barão de Mauá” com muita propriedade, numa justa homenagem a quem foi o pioneiro do transporte ferroviário e patrono das ferrovias brasileiras em 06/11/1926.
Abrigou o Escritório Central da LR e da “Estrada de Ferro Leopoldina/EFL”, a partir de 1950. Em 1980, os trens elétricos provenientes de Duque de Caxias acessaram o Terminal de Barão de Mauá em bitola larga até junho de 2001.
Operou como Terminal do “Trem de Prata”, trem de longo percurso ligando o Rio de Janeiro a São Paulo, até dezembro de 1998 (Trem de Prata).
As vias de bitola estreita foram desativadas em 2007 com o fechamento do Terminal de Praia Formosa.
O Prédio foi totalmente desativado em 2015.
Alguns projetos de ocupação do Complexo foram estudados onde podemos citar o “Museu Ferroviário Nacional” e o Terminal do Futuro “Trem de Alta Velocidade/TAV”.
É lamentável o estado de conservação do Prédio Principal e Anexo, Gare, Plataformas e suas vias de acesso onde se encontram estacionados o Material Rodante de época proveniente do Museu do Trem do Rio de Janeiro no Engenho de Dentro, devido à construção do Estádio Olímpico João Havelange, para restauração, visando resgatar a história da ferrovia que marca a época da expansão econômica e tecnológica do Brasil a partir da agricultura e do escoamento das produções.
De Barão de Mauá até São Cristóvão, as vias foram demolidas em função da instalação da fábrica de aduelas pré-moldadas para construção da Linha do Metrô.
Tais fatos nos levam a afirmar que o Complexo Barão de Mauá é um “Mausoléu Ferroviário” de um enorme valor histórico, cultural e patrimonial, fazendo parte da história não só da ferrovia como também do Estado do Rio de Janeiro, que não poderá de forma alguma ser ignorado, desprezado e negligenciado pelo poder público (União, Governo e Município) devido à cética obstinação de outros interesses políticos de seus integrantes e que merece ser reconhecido, valorizado, restaurado e utilizado para sua atividade fim, ou seja, para a ferrovia.
Há de se desenvolver no mínimo em Barão de Mauá um “Projeto de Memória Histórica”, recuperando as suas instalações, preservando o acervo que representa a evolução tecnológica de transporte sobre trilhos no Brasil, além da sua reativação para operação de trens de passageiros e trens turísticos.
Para isso, no Complexo onde o foco é a história, os fatos, o desenvolvimento tecnológico e os recursos humanos da área técnica e operacional, poderia fazer parte um “Centro de Convenções”, um grande “Centro de Memória Ferroviária”, concentrando todo o acervo técnico, bibliográfico e iconográfico existente, um “Museu” onde estariam sendo expostos o material rodante, equipamentos, materiais e ferramentas ferroviárias, obras de arte, etc., ligados à Memória da Ferrovia.
Na sua Gare revitalizada, se criaria um centro gastronômico com um grande estacionamento na sua área externa o que valorizaria por demais, não só o espaço, como também estabeleceria um novo ponto turístico importante para a nossa capital, já que o nosso estado está diretamente ligado à história do Brasil e a Baixada Fluminense com lugares e história que se confundem com o Brasil e uma delas se localiza em Magé, onde em 1854 foi inaugurada a primeira ferrovia do país, a E.F Mauá.
Esperamos por parte das autoridades, prioridade na ação de promover o resgate do Complexo Ferroviário Barão de Mauá e uma destinação adequada, dignificando o sistema ferroviário de nosso estado.
Autor: Helio Suêvo Rodriguez – Vice-presidente da Aenfer (Áreas Técnica e Cultural e de Preservação da Memória Ferroviária)