Já escrevemos milhões de artigos sobre a necessidade do Brasil construir ferrovias e revitalizar outras abandonadas, sabendo-se que este foi o slogan adotado por Washington Rodrigues, quando presidente do País, tempos idos, remotamente, referenciado ao modo rodoviário, mas aplicáveis à espécie aos nossos dias, relativamente ao modo ferroviário, principalmente ao que concerne à economia de combustível e menos agressão ao meio ambiente, ameaçado mundialmente. A nossa voz rouca não é ouvida pelas surdas autoridades, que pouco estão se lixando que o Brasil completará no próximo dia 30 de abril, 168 anos que Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, elevado a Visconde, fez circular o primeiro trem puxado por uma Maria Fumaça.
Até 1990 tínhamos, em “pleno vapor,” aproximadamente 40 mil quilômetros de trilhos assentados pelas 22 estradas de ferro, que foram fusionadas para criação da extinta Rede Ferroviária Federal S/A-RFFSA, em 31 de maio de 2007, pondo, assim, fim ao ciclo vitorioso do transporte estatal por sobre trilhos, desmantelado a partir das malhas regionais terem sido concessionadas, sem que fossem deixadas janelas para circulação dos trens de passageiros, dificultando a criação da mobilidade urbana, que o sistema viário brasileiro não consegue operacionalizar.
Aprendemos e se ouve na mídia, que o Brasil é país continente, com 8,510 milhões de quilômetros quadrados, mas que tem 1 milhão e seiscentos quilômetros de estradas rodoferroviárias construídas. Uma aberração dada a sua densidade. Em verdade, em verdade, a concessão das malhas não foi um bom negócio, registrando-se que somente a MRS resultou positiva, para o governo; as demais estão a desejar.
Em decorrência de sua gestão, a Ferrovia Centro Atlântico- FCA, a Agência Nacional de Transportes Terrestres-ANTT, multou essa concessionária em R$1.300 bilhão, rateando entre os estados em que a concessionária absorveu os trechos deficitários, importando em R$260 milhões para o Estado do Rio, que vinha desenvolvendo uma política para a volta dos trens de passageiros-turismo, dada a vocação fluminense para este ícone econômico.
Os mineiros avançaram e a Assembleia das Alterosas criou a Frente Parlamentar Ferroviária e desenvolveram ações institucionais para abocanhar o total da multa aplicada pela ANTT à FCA e aplicá-la integralmente em investimento no Metrô/BH, na Grande Belo Horizonte, inclusive os 19% de direito do Estado do Rio, cerca de R$260 milhões.
Registre-se que a Assembleia Legislativa/RJ também criou a sua Frente Parlamentar Ferroviária, a compôs com técnicos, engenheiros e experts em ferrovia, por experiência em vários anos de trabalho na ex-RFFSA, tendo sido eleito presidente, o deputado Welbert Rezende, que conduzia a tarefa de forma eficiente. O então Secretário de Transporte/RJ, Delmo Pinho articulou ações, a fim de que fossem garantidos os 19% ao Estado, mas as démarches tomaram rumos estranhos aos interesses da Terra Fluminense e, segundo informações transmitidas no noticiário A Voz do Brasil, a verba está indo na sua totalidade para os cofres mineiros, decisão do Ministério da Infraestrutura. O RJ não estará a ver trens, mas a ver navios, infelizmente.
Diversas entidades associativas da classe ferroviária, há anos estão empenhadas em vários Movimentos de Preservação Ferroviária-MPV, a Federação Nacional de Trabalhadores Ferroviário-FNTF, líderes classistas nacionais, no objetivo de que a volta dos trens de passageiros aconteça, no sentido de que a esperada, cantada e decantada “mobilidade urbana” venha ser uma realidade, em benefício do país, tal qual nos demais que desenvolvem uma política matricial de transporte por sobre trilhos, na esteira da economia de combustível e de não poluição do meio ambiente, a grande ameaça à saúde, no nosso caso particular, a dos brasileiros.
Trago, mais uma vez à tona, a minha máxima: O Brasil precisa de ferrovia como o sangue de oxigênio e a tarefa que pesa por sobre os ombros das autoridades, é construir ferrovias para o Brasil. O atual presidente da República e/ou o que estiver de plantão no Planalto, a partir de 2023, tem, necessariamente que adotar o slogan: Governar é construir ferrovias e revitalizar os trechos ferroviários abandonados.
Invocando Chico Xavier, mais uma vez, enriquecendo este artigo: “Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.”
Conselheiro da Aenfer: Genésio Pereira dos Santos