Funcionários da SuperVia viram alvo de bandidos

Madrugada do último dia 8. Dois funcionários da SuperVia fazem uma capina química às margens de trilhos, no trecho entre São Cristóvão e a Praça da Bandeira, quando surgem três bandidos com facões. Mesmo sem esboçarem reação, os trabalhadores são levados para um veículo de manutenção da rede ferroviária, têm as mãos amarradas e começam a levar socos, chutes e pauladas.

Devido a várias pancadas na cabeça, uma das vítimas sofreu traumatismo craniano. E, ao fim do espancamento, a outra teve de engolir a espuma de um extintor. Em seguida, os criminosos fugiram levando dinheiro, celulares e ferramentas.

Foto: Funcionários da Supervia foram vítimas em horário de trabalho - Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo

Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo

 

A ação criminosa contra funcionários da SuperVia não foi um fato isolado. De acordo com um balanço da concessionária, somente este ano, ocorreram outras 16 enquanto eram realizados serviços de manutenção no sistema ferroviário.

Apenas cinco ataques foram registrados em delegacias — nos outros, a SuperVia não teve bens roubados e funcionários optaram por não acionar a polícia. No crime do último dia 8, os bandidos chegaram a usar um celular da empresam para debochar do estado de saúde dos trabalhadores.

“Tomara que eles morram. Kkkkkk. Foi paulada que rupiou eles (sic)”, escreveu um dos assaltantes em uma mensagem. Ela foi enviada, por um aplicativo, para um grupo de funcionários de serviços de manutenção.

Entre os crimes registrados em delegacias estão outros dois assaltos ocorridos no mesmo trecho. Em 15 de novembro, por volta das 3h, três homens, também armados com facões, atacaram seis trabalhadores que faziam reparos em cabos.

As vítimas foram agredidas com tapas e socos e mantidas reféns em um trem. Depois de uma hora de tortura psicológica, que incluiu até uma ameaça de detonação de uma granada, os bandidos fugiram levando telefones da SuperVia e ferramentas.

Passagens Clandestinas

 

No dia 8 de abril, dois funcionários da concessionária também foram rendidos perto da estação de São Cristóvão. Eles instalavam novos cabos (os anteriores haviam sido roubados) quando um trio com facões (!) os cercou. Novamente, ferramentas foram roubadas, além de pertences dos trabalhadores.

Em todos os casos citados, os bandidos entraram na linha férrea por passagens clandestinas. A polícia acredita que os roubos cometidos entre São Cristóvão e Praça da Bandeira foram praticados por um mesmo grupo.

Ainda ocorreram, no mesmo trecho, assaltos a passageiros, abordados dentro das composições. Os casos estão sendo investigados pela 17ª DP (São Cristóvão).

Os ramais e o horário com mais casos

 

Um levantamento feito pela SuperVia aponta que 58% dos assaltos ocorreram no ramal de Deodoro, e 29%, no de Japeri. Os demais aconteceram nos ramais de Gramacho e Belford Roxo. E a maioria dos roubos (35%) foi praticada no período da tarde.

Também houve assaltos, em menor quantidade, na linha férrea em Japeri, nas proximidades na Central do Brasil, em Deodoro e na Pavuna.

Procurado para comentar a onda de violência, o Sindicato dos Ferroviários informou que uma reunião será agendada com representantes da SuperVia e autoridades para tratar do assunto. Eduardo Santiago, gerente-executivo da área de segurança da concessionária, disse que os funcionários atacados vêm recebendo todo o apoio necessário e foram afastados de suas atividades para serem submetidos a tratamento médico e avaliação psicológica:

— São casos atípicos, que a gente tenta dar todo o suporte necessário. Nós envolvemos as áreas de assistência social, que é dedicada ao tratamento dessa situação, de segurança empresarial e o jurídico para fazer contato com autoridades policiais. Eles (os funcionários) ficam afastados por esse período para tratamento e suporte.

A concessionária afirmou que tem feito reuniões com o Grupamento de Policiamento Ferroviário da PM e a Polícia Civil para ajudar nas investigações e evitar novas ocorrências.

Fonte: O Globo, 18/12/2022

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