Inspirado no Palácio de Buckingham, na Inglaterra, prédio da Estação Leopoldina sofre com abandono
Inaugurado em 1926, o Edifício Barão de Mauá, chamado posteriormente de Estação Leopoldina, foi projetado pelo arquiteto escocês Robert Prentice, inspirado no Palácio de Buckingham, a residência oficial da família real da Inglaterra. Atualmente, a histórica construção encontra-se praticamente abandonada, servindo de depósito de trens – entre eles a locomotiva “Biriba”, que foi tema de matéria no DIÁRIO DO RIO recentemente.
Palácio de Buckingham Estação Leopoldina
Localizada na região central da cidade do Rio de Janeiro, a estação não é utilizada há 18 anos. Durante essas quase duas décadas, algumas notícias de revitalização, como transformar em mercado público, surgiram, mas não saíram do papel.
Em fevereiro de 2020, Ministério Público Federal (MPF) entrou com um pedido no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) para que a União assumisse, em caráter de urgência, a Estação Leopoldina. De acordo com o MPF, existia o risco iminente de incêndio e desabamento do prédio. O órgão solicitou a instauração de escoras na estrutura do imóvel.
“O esforço que eu tenho feito pela Associação Fluminense de Preservação Ferroviária – AFPF para salvar a Estação da Leopoldina e principalmente parte do acervo de locomotivas e vagões históricos que estão abandonados junto às plataformas, tem sido em vão. Ninguém mais se sensibiliza pelo local, pela nossa história ferroviária ou pela importância que estes equipamentos têm no âmbito da preservação ferroviária do Rio de Janeiro. Nada se faz. Nem o Governo do Estado e nem o Governo Federal. Seu destino certamente será semelhante ao do Museu Nacional, e aí quando pegar fogo e tudo se perder, surgirá logo depois aquela verba mágica para recuperar o local, coisa que já poderíamos estar fazendo agora”, disse Ricardo Lafayette, presidente da Associação Fluminense de Preservação Ferroviária (AFPF).
O DIÁRIO DO RIO entrou em contato com o Governo do Estado do Rio de Janeiro para saber os planos para a utilização da Estação, mas não tivemos resposta.
Entre as locomotivas e trens de valor histórico que se encontram na Estação Leopoldina, estão a S1 Cotó, a RS3, vagões do antigo Expresso Cruzeiro do Sul (trem Rio-SP dos anos 1920 e 1930, muito usado por Getúlio Vargas) e o antigo trem do Corcovado – que funcionou entre 1910 e 1970.
Expresso Cruzeiro do Sul
Trem do Corcovado quando chegou à Estação Leopoldina, em 2004
Trem do Corcovado hoje em dia
ALCO S1 Cotó quando chegou na Leopoldina, em 2004
ALCO S1 Cotó hoje em dia
Além dos citados no parágrafo acima, estão na Estação cinco bondes que seriam usados em Santa Tereza, mas por especificações erradas não mais serão. São sete no total (o 6° está na Supervia em Deodoro e o 7° na estação dos bondes da Carioca).
“O que fazer com a Estação da Leopoldina? Bem, se não há mais trens interestaduais ou intermunicipais para fora da região metropolitana, como era no passado, então a estação deveria ter suas linhas férreas reconstruídas até São Cristóvão e ela passaria a funcionar para o sistema de trens metropolitanos da Supervia. Todos os ramais da Supervia (Deodoro, Japeri, Santa Cruz, Belford Roxo, Gramacho e Saracuruna) passariam a ter trens para a Estação Central do Brasil, e também para a Estação Leopoldina. O bom é diferente do ótimo, e essa medida conseguiria dar vida novamente a todo aquele complexo ferroviário”, completou Ricardo Lafayette.
Fotos: Ricardo Lafayette
Fonte: Diário do Rio, 02/01/2023