Percurso turístico dura cerca de quatro horas

Clima de nostalgia e descoberta: como foi o último dia de passeios do Trem da Quarta Colônia

Percurso turístico de 54 quilômetros entre Restinga Seca e Santa Maria dura cerca de quatro horas

O relógio marcava 8h48min quando o maquinista puxou a corda que aciona a buzina, anunciando a partida do trem. Lentamente, os vagões começaram a se mover. O característico som das rodas sobre os trilhos preenchia o ambiente, completando o clima de empolgação que tomava conta dos passageiros. Alguns faziam fotos, outros apenas admiravam a paisagem pela janela, apesar do tempo fechado, e houve quem abanou para os que permaneceram na Estação Férrea de Restinga Seca, na região central do Rio Grande do Sul.

Apesar do tempo fechado, 576 pessoas estiveram a bordo dos vagões na viagem pela manhã

Apesar do tempo fechado, 576 pessoas estiveram a bordo dos vagões na viagem pela manhã

No total, 576 pessoas — de crianças a idosos — estiveram a bordo dos vagões para participar do último dia de passeios do Trem da Quarta Colônia em 2023, na manhã deste domingo (2). Outras 610 fizeram o percurso turístico de 54 quilômetros entre Restinga Seca e Santa Maria, no turno da tarde. Cada viagem durou cerca de quatro horas, gerando sentimentos de nostalgia e descoberta entre os passageiros que ocupavam os carros das décadas de 1920 e 1930.

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Viagem despertou sentimentos de nostalgia e descoberta entre os passageiros

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Viagem de trem entre Restinga Seca e Santa Maria dura cerca de quatro horas

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Dupla tradicionalista toca e canta “Querência Amada”, no meio da viagem

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Trem fez o percurso turístico de 54 quilômetros entre Restinga Seca e Santa Maria

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Trem saiu da Estação Férrea de Restinga Seca com destino a Santa Maria

Uma das passageiras foi Maria Édila Chaves, 86 anos. Natural de Cachoeira do Sul, ela lembra de ter feito muitas viagens de trem antigamente, com destino à Capital:

— Pegava o trem de madrugada em Cachoeira e chegava de manhã em Porto Alegre. Os trens eram uma beleza. (O passeio) está me fazendo lembrar de muita coisa — conta Maria Édila, que estava acompanhada do filho, o produtor rural Álvaro Chaves, 50 anos.

Ambos são moradores de Caçapava do Sul e essa é a primeira vez que estão fazendo um passeio desse tipo pela Região Central. De acordo com Chaves, o objetivo era justamente fazer com que a mãe relembrasse da época em que ela viajava de trem. Já ele, um estreante em viagens sobre trilhos, estava achando a experiência muito bacana.

Dentro do vagão PD-47, com bancos de cor vinho e algumas estruturas ainda originais, todos os olhares se voltavam para fora sempre que algum animal aparecia no campo. Sentada perto de uma das janelas, Tarcila Marotz Streck, 64 anos, passou boa parte do trajeto concentrada na paisagem. Para ela, nem a ausência de sol atrapalhou o passeio:

— É muito legal, estou gostando. Mesmo com o tempo assim, está muito bom!

Ao lado de Tarcila, estava o marido, Derli Dario Streck, 71 anos. O idoso também disse que a viagem foi “joia” e contou que os dois já fizeram passeios de trem de Guaporé até Muçum e de Bento Gonçalves até Carlos Barbosa. Antigamente, explicou, elas não tinham oportunidades de fazer essas viagens, então costumavam ficar só olhando os vagões passarem.

Tatiane Streck, 41 anos, filha do casal morador de Agudo, destacou que ela e o marido, Rafael Fehn, 49, estão sempre em busca desses passeios de trem para levá-los.

— Vamos sempre junto com eles, porque sozinhos não temos mais condições — explicou Tarcila.

Pouco antes das 10h, uma dupla tradicionalista entrou no vagão, tocando Querência Amada. Os passageiros, incluindo a família Streck, acompanharam os artistas com palmas e cantando a letra da música. Logo depois, no meio do trajeto, o Trem da Quarta Colônia fez uma parada de alguns minutos em Arroio do Só, um distrito de Santa Maria, onde as pessoas puderam comprar lanches e lembranças.

Passageiros de todos os cantos do RS

Moradores de Panambi, no noroeste do Estado, Clarissa Smaniotto Baptista, 41 anos, e Márcio Muller Bertotti, 35, viajaram mais de duas horas especialmente para participar do passeio pela Região Central. O casal contou que nunca tinha feito uma viagem turística de trem — a secretária executiva já havia vivido a experiência, mas apenas fora do Brasil, em um percurso mais rápido.

— Estamos adorando. As paisagens são lindas, mesmo com esse clima peculiar. Estamos bem felizes de ter vindo. Gostamos desse turismo de aventura, gostamos muito de natureza, então é algo que estamos sempre buscando — ressaltou Clarissa, acrescentando que os dois pretendem fazer também a rota dos Vales.

Segundo Thais Danzmann Chaves, diretora de Cultura e Turismo de Restinga Seca, os passeios do Trem da Quarta Colônia reuniram muitas pessoas de outras cidades gaúchas, o que está surpreendendo bastante os organizadores. Ela também afirma que esses turistas têm ficado por Restinga Seca, gerando impacto nas redes de hotelaria e gastronomia da região. Os restaurantes, inclusive, adotaram horários diferenciados para aguardar a chegada dos passageiros.

— Superou a expectativa, a ponto de esgotar as passagens. Tem pessoas que estão fazendo o passeio pela segunda vez, algumas estão pernoitando no município para fazer o passeio no outro dia. Então a economia local está bastante satisfeita, assim como os outros municípios da Quarta Colônia. Agora, com o reconhecimento do geoparque, estamos sendo vistos pelo mundo inteiro. É a concretização de um sonho e uma oportunidade de mostrar o nosso trabalho — diz Thais.

Ela se refere aos dois geoparques do Rio Grande do Sul que foram reconhecidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em maio. Com as novas certificações, Rio Grande do Sul passa a ter o maior número de territórios com a titulação no Brasil

Formado por 12 carros de passageiros, dois vagões administrativos e a locomotiva, o trem chegou em Santa Maria por volta de 12h30min neste domingo. Tanto a prefeitura de Restinga Seca quanto a de Santa Maria organizaram shows nas estações para receber a comunidade e os passageiros. Food trucks e beer trucks também foram instalados nos locais.

No sábado (1º), mais de 900 pessoas fizeram os passeios no turno da manhã e da tarde. No primeiro final de semana de viagens, em 24 e 25 de junho, foram quase 1,5 mil passageiros.

A diretora de Cultura e Turismo garante que as articulações começam a partir de agora para que haja a edição 2024 do Trem da Quarta Colônia. A iniciativa é fruto de uma parceria das prefeituras de Santa Maria e de Restinga Seca, com a empresa Passeios de Trem e com a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF).

Outros passeios

De julho a dezembro, há passeios programados para outras regiões do Estado. Confira a programação:

Trem dos Vales (Guaporé – Muçum)

  • Onde começa o passeio: Guaporé (Rua da Estação, sem número, bairro Ferroviário, Guaporé) e Muçum (estação ferroviária)
  • Quanto custa: R$ 154 para adultos e crianças a partir de seis; crianças de colo (até cinco anos) não pagam. Há adicionais para visita a uma vinícola e ao Cristo Protetor de Encantado
  • Quando: entre 12 de agosto e 17 de dezembro, às 9h (Guaporé) e às 14h30min (Muçum)
  • Como comprar ingresso: neste site
  • Mais informações: tremdosvales.com.br e telefone/WhatsApp: (47) 33079977

Trem da Imigração (Muçum – Colinas)

  • Onde começa o passeio: Estação Ferroviária de Colinas (Rua da Estação, sem número, Centro) e Estação Ferroviária de Muçum
  • Quanto custa: R$ 129 para adultos e crianças a partir dos seis anos; crianças de colo (até cinco anos) não pagam. Há um pacote com adicional que inclui almoço em um restaurante em Roca Sales, onde também ocorre um city tour. Além disso, é feita uma visita ao Cristo Protetor de Encantado. Um guia acompanha os visitantes nas atividades
  • Quando: 22, 23, 28, 29 e 30 de julho, às 9h (Muçum) e 14h30min (Colinas)
  • Como comprar o ingresso: neste site
  • Mais informações: tremdaimigracao.com.br e telefone/WhatsApp: (47) 33079977

Fotos: André Ávila / Agencia RBS

Fonte:GZH, 02/07/2023

 

 

 

 

 

 

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