Mais de 100 animais foram atropelados por trens da Supervia de janeiro a junho deste ano no Rio de Janeiro. A falta de muros e a limitação do campo de visão dos maquinistas influencia na frequência dos acidentes.
Hannah, uma vira-lata caramelo de 3 anos e meio, foi atropelada em maio na estação Engenheiro Pedreira, no ramal Japeri. Depois de seis horas sofrendo com os ferimentos, ela conseguiu socorro na Suipa.
A Sociedade União Internacional Protetora dos Animais (Suipa) tem uma parceria com a Supervia em diversos projetos, mas sofre com a superlotação e falta de recursos constantemente. Mesmo assim, resgataram o animal.
A cachorrinha acabou perdendo uma das patas e ficou no abrigo da ONG por alguns meses. Agora em agosto, a doguinha recebeu uma nova chance e foi adotada por uma família.
Hoje, ela vive com outros quatro cães que também sofreram situações parecidas. Bon, o primeiro da família a ser adotado, também foi atropelado por um trem.
O Kleber, que foi adotado este mês, tem sequelas e só mexe o pescoço.
“Temos como princípio adotar os ‘não adotáveis”, destaca a tutora Ana Paula.
O caso da Hannah não é um fato isolado, e denuncia um problema que não é possível ser resolvido somente pela concessionária.
“O Corpo de Bombeiros atua com eficiência e rapidez quando se trata de animais silvestres ou animais de grande porte. O ideal seria termos um serviço similar para os outros bichos”, pontua a gerente de Comunicação e Sustentabilidade da Supervia, Juliana Barreto.
Ao todo, 113 animais foram atropelados até junho de 2023, enquanto 55 eram cachorros. O número apresenta um aumento, visto que em todo o ano de 2022 foram 77 atropelamentos.
A Agetransp já foi oficiada sobre o assunto no mês de maio.
No documento, a concessionária destaca a dificuldade de visualizar e identificar animais feridos ao longo da via, principalmente os animais de porte médio e pequeno.
“Durante a circulação das composições ferroviárias, os maquinistas posicionados nas cabines dos trens, possuem um campo de visão limitado dos primeiros metros a sua frente, o que dificulta a percepção da presença de animais na via, que é agravada no período noturno e nas regiões com aspectos rurais”, destaca o documento.
Mesmo assim, a concessionária atua sempre que identifica um animal atropelado ainda com vida. Em alguns casos, a interrupção da circulação é solicitada.
Fonte: G1, 26/08/2023