Governo quer “ressuscitar” trens de passageiros

GOVERNO QUER “RESSUSCITAR” TRENS DE PASSAGEIROS

Causou um certo ceticismo a notícia veiculada recentemente na mídia de que o Governo Lula, através do Ministério dos Transportes, quer ressuscitar trens de passageiros em 7 (sete) trechos prioritários (imagens abaixo).

 

Fonte: Imagens: CNN Brasil

 

Muitos ficaram surpresos e queriam saber de onde saíram essas ideias/trechos .

Trata-se, na realidade da reedição (parcial) de igual notícia veiculada há mais de 23 anos, em agosto de 2000 (vide anexo), cuja proposta, infelizmente, ainda está no papel.

A fonte desses “projetos” é o Estudo intitulado “TRENS REGIONAIS DE PASSAGEIROS – O Renascimento de um Vetor de Desenvolvimento Econômico no País”, elaborado em 2000 pelo BNDES, juntamente com equipe da COPPE/UFRJ.

Foram selecionados 64 trechos, que obedeceram aos seguintes critérios de corte:

  1. Ao menos um município com mais de 100 mil habitantes;
  2. Extensão da linha situada entre 60 km e 200 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. Km; e,
  • Ociosidade do trecho em relação aos trens de carga.

 

Nesse estudo, os 64 trechos para implantação de trens regionais de passageiros foram agrupados segundo quatro tipos de vocações:

– Empresarial/Comercial;

– Turístico/Cultural;

– Desenvolvimento Regional; e.

– Desenvolvimento Socioeconômico.

Comparando a lista atual com outros trechos do Estudo de 2000, não foram considerados, por exemplo, alguns trechos bastante promissores, apenas para citar alguns da Região Sudeste:

  1. Vitória-Cachoeiro do Itapemirim;
  2. Campinas-Poços de Caldas;
  3. Volta Redonda-Itatiaia;
  4. Macaé-Campos-São Fidelis;
  5. Itaguaí-Mangaratiba;
  6. Varginha-Cruzeiro;
  7. Betim-Sete Lagoas;
  8. Ouro Preto-Viçosa;
  9. Juiz de Fora-Barbacena;
  10. São Paulo-Campinas-Poços de Caldas.

 

Isto posto, pode-se então concluir que dessa lista de “antigos coelhos” que o governo Federal tirou da cartola…

  1. A) Não escolheram os melhores trechos, segundo o Estudo do BNDES/COPPE;
  2. B) Desconhecem a realidade regional e a existência de outros estudos sobre trens regionais e shortlines;
  3. C) Não consideraram a enorme quantidade de trechos ociosos/abandonadas por algumas concessionárias;
  4. D) Os 7 trechos nos parecem uma espécie de factoides politico-propagandista.

 

Obs.: o trecho Duque de Caxias-Niterói nunca constou do estudo do BNDES, mas parece que fez parte de um antigo plano do Governo do Estado do Rio de Janeiro, ainda na época da FLUMITRENS.

 

 Autor: economista Antonio Carlos Pastori – conselheiro da Aenfer

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