‘Biriba’, se deteriora na Leopoldina

‘Biriba’, a histórica locomotiva do Rio de Janeiro que está se deteriorando no galpão da Estação Leopoldina

Estas locomotivas foram utilizadas para tracionar os trens de passageiros ligando a Cidade do Rio a São Paulo e Belo Horizonte nas décadas de 1950, 1960 e 1970

O Botafogo foi campeão carioca de futebol em 1948. O que isso tem a ver com um trem histórico que está em péssimo estado de conservação? Se ainda fosse o “Expresso da Vitória”, nome dado ao time do Vasco da mesma época, faria algum sentido. Explica-se: neste mesmo ano de 48 chegaram ao Rio de Janeiro, mais precisamente à Estrada de Ferro Central do Brasil, 12 locomotivas ALCO FA-1, vindas dos Estados Unidos. Naquele tempo, era comum os trabalhadores das ferrovias apelidarem os trens. Essas máquinas estadunidenses passaram a ser chamadas de “Biribas”, em homenagem ao cachorro mascote do Fogão na conquista citada.

As 12 unidades, que vieram para o Brasil de Nova York entre janeiro de 1946 e maio de 1959, foram desenhadas pelo famoso projetista Ray Stevenson Patten, da General Electric, e tinham um design de unidade de cabine que as diferenciava de qualquer outra locomotiva de sua época. Foi justamente esse estilo que provocou o apelido. A “cara” do trem lembra o focinho de um cachorro. Por isso, “Biriba”.

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Estas locomotivas, de propulsão Diesel Elétrica, foram utilizadas para tracionar os trens de passageiros ligando a Cidade do Rio de Janeiro à Cidade de São Paulo (Trem Santa Cruz) e entre a Cidade do Rio de Janeiro e a Cidade de Belo Horizonte (Trem Vera Cruz) nas décadas de 1940, 1950, 1960 e 1970.

O tempo passou e o time de Biribas diminuiu pouco a pouco, quase sempre no esquecimento de algum depósito com sucateados velhos trens. Hoje só resta uma, que está tendo o mesmo destino das outras 11. No pátio da Estação Leopoldina, na região central da cidade do Rio, a locomotiva está se deteriorando, já bastante danificada.

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“O esforço atual da Associação Fluminense de Preservação Ferroviária – AFPF – é para tentar salvar a Locomotiva ALCO FA-1 da perda total. Essa é a última Locomotiva existente no Brasil, das 12 que foram compradas pela antiga empresa Estrada de Ferro Central do Brasil, em 1948, junto à Empresa norte-americana American Locomotive Company (ALCO)”, disse Ricardo Lafayette, presidente da Associação Fluminense de Preservação Ferroviária (AFPF).

Para a AFPF, a chance de salvamento da Locomotiva ALCO FA-1, a Biriba, seria sua retirada do pátio ferroviário da Estação Leopoldina para ser levada para o pátio ferroviário da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária – ABPF, entidade co-irmã da AFPF, na Cidade de Cruzeiro, no estado de São Paulo.

A Locomotiva é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN), que informou ao DIÁRIO DO RIO que em outubro deste ano, concluiu um relatório que registra a condição de todos os bens móveis tombados da Estação Ferroviária Leopoldina-Barão de Mauá, incluindo os carros dos trens. “O Iphan está realizando preparativos para contratar uma empresa especializada na catalogação dos acervos da estação Leopoldina e do Museu do Trem.  O contrato também deve prever a indicação de procedimentos de conservação emergenciais“.

Ainda segundo o Instituto ‘também está discutindo com a Secretaria de Patrimônio da União (SPU), vinculada ao Ministério da Economia, a mudança do acervo da Estação Leopoldina-Barão de Mauá para um local apropriado, que permita o acautelamento desses itensDestacamos que qualquer iniciativa e/ou patrocínio que possa agregar na preservação do acervo é bem-vindo e não existe um impedimento para isso, contanto que todas as instituições envolvidas tenham conhecimento – e se for o caso – autorizem a ação”.

Na mesma nota, o Iphan detalhou que “a Estação Leopoldina-Barão de Mauá está sob responsabilidade do Governo do Estado do Rio de Janeiro e da SPU. Parte dela se encontra sob concessão da Supervia. O Iphan é órgão fiscalizador responsável pelo Patrimônio Cultural Brasileiro. No caso de propriedades tombadas, públicas ou privadas, o proprietário é responsável por promover obras de conservação e restauro, bem como zelar pela manutenção do monumento. Cabe ao Iphan fiscalizar o bem cultural e orientar o proprietário em sua conservação, além de solicitar os reparos necessários. O tombamento não interfere nas competências institucionais de outras esferas, como as prefeituras, governos estaduais e outras áreas do governo federal. O Iphan vem acompanhando de perto, e com preocupação, a situação deste bem cultural e destaca a importância do monumento não apenas para o Rio de Janeiro, mas também para o Patrimônio Cultural Brasileiro. Para mais informações recomendamos entrar em contato com os responsáveis pela gestão do imóvel”.

Fonte: Diário do Rio, 20/02/2023

Fotos: Acervo Diário do Rio

 

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