G1 – A Supervia e o Disque Denúncia fecharam uma parceria contra a violência e o vandalismo nos trens. Os passageiros estão com medo e denunciam que atualmente tem acontecido muitos roubos nas estações e até dentro das composições.
Renato Almeida, diretor-geral do Disque Denúncia lembra que agora os passageiros contarão com um canal para denuncias.
“Agora, a população pode contar com o Disque Denúncia 24 horas por dia para denunciar violência e vandalismo nos trens e nas plataformas. A população pode ter certeza de que a sua denúncia será devidamente apurada. Ligando para o telefone (21) 2253.1177, que também funciona como WhatsApp, os passageiros dos coletivos poderão realizar a sua denúncia de forma anônima. Podendo, inclusive, mandar fotos e vídeos”, pede.
Uma das vítimas foi o camelô Anderson Lima. Há 15 dias ele foi agredido após ser roubado. Tudo aconteceu dentro do trem.
“Isso aqui (os machucados) foi dentro dos três da Supervia, na estação Engenho Novo, que frequentemente está tendo assalto dentro dos trens. O elemento para na estação, e fica. Quando o trem encosta eles dá o bote na mercadoria do pessoal, no telefone e saí correndo pela linha. (No dia do assalto) Eu estava dentro do trem, vindo do trabalho. E foram tentaram roubar o meu telefone e de outros passageiros. Gritamos que era assalto, e saíram correndo. Mas, conseguiram acertar uma pedra na minha cabeça. Eu fui recuperar meu telefone, um dos elementos acertou a minha testa com a pedra”, conta Anderson.
O camelô foi atendido no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, onde levou pontos na teste. Ele fez exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) e registrou o caso na delegacia do Engenho Novo. Por conta dos ferimentos, ele diz que está sem trabalhar há mais de uma semana.
Quem utiliza os trens, diz que sente falta de um policiamento ostensivo nas estações, especialmente, aos fins de semana quando os locais de embarque ficam mais vazios.
“A gente já fica um pouco inseguro de ficar aqui, descer, porque não tem policiamento nenhum. As pessoas pulam o muro e você não sabe quem está pulando o muro, sabe? Normalmente, eles roubam dentro das outras estações, eles roubam e saem correndo. Isso tem todo mundo sabe”, lembra o agente de viagem Ubiraci Magalhães.
“No horário da noite, é horrível porque tem somente um segurança que fica aqui”, completa o atendente Vinícius Gabriel.
“A gente paga R$ 7,10 de passagem e cadê a segurança? Não tem. Estou com medo e vou mudar a minha rotina. Vou passar a pegar o ônibus e ir pela Avenida Brasil. Acordamos de madrugada para ir trabalhar e na volta somos agredidos”, completa Anderson Lima.
Em nota, a Polícia Militar disse que o Grupamento de Policiamento Ferroviário faz um patrulhamento em mais de 270 KMs de extensão da malha ferroviária para coibir essas ações criminosas. Ainda de acordo com a PM, as estações contam com o reforço de segurança pelo Programa Estadual de Integração de Segurança.
Por sua vez, a Polícia Civil disse que o caso de Anderson foi registrado na 25ª DP (Engenho Novo) e que as investigações estão em andamento para identificar os criminosos. Ainda de acordo com a instituição, todos os casos de roubos e furtos em trens foram enviados para as delegacias responsáveis.
Desde a última sexta-feira (9), a TV Globo tenta um posicionamento da Supervia sobre os constantes crimes. No entanto, a concessionária não respondeu.
Números que assustam
Já em relação ao vandalismo, para se ter ideia, só de assentos foram mais de 800 deles arrancados nos primeiros meses de 2024. Além do furto dos estofados, os criminosos quebram portas, furtam cabos.
Segundo a Supervia, os materiais mais vandalizados são: visores de portas com 3.027 casos registrados; assentos e encostos (886); grampos de fixação (637); placas de apoio (54) e alavancas de emergência (43).
As estações com mais casos de furtos e vandalismo são: Central do Brasil com 876 ocorrências; seguidas por Japeri (321); Santa Cruz (263); Deodoro (136) e Gramacho (82).
Fonte: G1, 12/08/2024