O ANTAGONISTA – O Canadá está à beira de uma grande interrupção em sua rede ferroviária de carga nesta semana. As duas principais operadoras ferroviárias do país, Canadian National Railway (CN) e Canadian Pacific Kansas City (CPKC), emitiram avisos ao sindicato dos caminhoneiros, representando cerca de 10.000 trabalhadores, alertando para uma possível paralisação. Sem um acordo de última hora, essa paralisação poderá iniciar-se na quinta-feira.
Esta situação sem precedentes ocorre em um momento em que as negociações geralmente são realizadas em anos diferentes para evitar uma paralisação simultânea. Entretanto, a iminente interrupção nas operações ferroviárias pode afetar profundamente o transporte de bens essenciais, como grãos, carvão, potássio e madeira, que são vitais para a economia canadense.
A CN advertiu que se não houver uma solução imediata, a empresa será forçada a realizar um desligamento progressivo de suas operações. As negociações recentes não apresentaram avanços significativos, com as partes ainda distantes de um acordo.
As principais preocupações dos trabalhadores variam entre as duas operadoras. No caso da CN, o sindicato se opõe à proposta de realocação forçada de trabalhadores para diferentes partes do Canadá, uma medida vista como necessária pela empresa para lidar com a escassez de mão de obra.
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No caso da CPKC, a disputa está centrada nas condições de segurança. O sindicato argumenta que alterações propostas pela empresa poderiam aumentar os riscos de fadiga e, consequentemente, de acidentes. A CPKC, por sua vez, afirma que suas propostas estão em conformidade com os regulamentos de segurança atuais e não prejudicam a segurança dos trabalhadores.
A paralisação não afetaria apenas o Canadá. Devido à integração das redes ferroviárias canadenses com importantes centros de transporte nos Estados Unidos, como Chicago e Nova Orleans, e até com portos no México, os efeitos podem se espalhar por todo o continente norte-americano.
A situação se intensificou com a emissão de avisos de greve e lockout por parte do sindicato Teamsters. Segundo Paul Boucher, presidente da Teamsters Canada Rail Conference, a greve é uma resposta necessária para proteger os direitos e a segurança dos trabalhadores.
O governo federal canadense, até agora, tem preferido não intervir, encorajando as partes a resolverem suas diferenças através de negociações. Contudo, se as negociações continuarem a não avançar, a pressão por uma solução emergencial só aumentará.
Fonte: O Antagonista, 19/08/2024