Metrô da Gávea: obras devem levar 4 anos

Conclusão do Metrô da Gávea: obras para abrir a estação devem levar quase quatro anos; entenda

Em fase final de análise pela Procuradoria Geral do Estado (PGE), a proposta de fusão das operações das concessionárias Metrô Rio (Linhas 1 e 2) e Rio Barra (Linha 4), que viabilizará a conclusão do projeto da estação da Gávea, prevê que as obras durem quase quatro anos (43 meses). O acordo também incluirá mudanças no projeto original da Linha 4 do Metrô, anunciada nos anos 1990. Isso porque em uma análise de custo-benefício, o governo do Estado concluiu que a expansão da operação da Gávea até Botafogo (passando por Humaitá, Jardim Botânico e Lagoa) não é prioritária, mas sim levar os trilhos até o Recreio, dentro de um plano estratégico para ampliação do sistema.

O secretário estadual de Transportes e Mobilidade Urbana, Washington Reis, disse estar preocupado nesse momento com o fato de o canteiro de obras da Gávea estar submerso há sete anos e não haver consenso se a demora para retomada do projeto coloca em risco os prédios no entorno, como a Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ). Com as alterações, se algum dia o Estado retomar o desenho original da Linha 4, serão necessárias obras de ampliação, com novas escavações.

— O que posso dizer é que essa questão da construção do Metrô da Gávea está resolvida. Por mim, essa obra começa ainda em fevereiro — disse um otimista e ansioso Washington Reis, que, desde outubro, já anunciou pelo menos quatro datas para a retomada das obras.

Com as alterações do projeto, um dos acessos à estação que ficaria no Shopping da Gávea, por exemplo, foi eliminado. Os 20 mil passageiros diários esperados para a Gávea não terão escadas rolantes, comuns em outras obras do Metrô do Rio para chegar e sair das plataformas. Os futuros usuários vão entrar e deixar a estação localizada a 55 metros do nível da rua por meio de elevadores. As escadas projetadas serão usadas para serviços ou como saídas de emergência.

— Ainda não temos informações. Os prazos anunciados não foram cumpridos até agora. Se vai levar mesmo quase quatro anos para terminar, o desejo é que haja de fato uma solução — diz o vice-presidente da Associação de Moradores da Gávea (Ama-Gávea), Rene Hasenclever.

De concreto sobre prazos para a Linha 4, o que está previsto no fim deste mês ainda não é o novo contrato, mas uma reunião de trabalho com consultores da Fundação Estudos de Pesquisas Econômicas (Fipe) que avaliam as bases do acordo. Há questões a esclarecer para fechar o contrato, tais como definição de indicadores de qualidade na prestação de serviços a ser estabelecidos com a fusão das concessões. Aprovados os termos pela PGE e as concessionárias, o acordo ainda dependerá de deliberação da Agência Reguladora de Transportes Públicos (Agetransp).

Com a solução para o Metrô da Gávea, o Estado vai se concentrar em tirar do papel o plano estratégico que elegeu entre as prioridades implantar uma ligação entre as estações do Estácio e Largo da Carioca com a Praça Quinze. Lá, está prevista uma conexão com a futura Linha 3, entre o Rio e Niterói (sob a Baía de Guanabara) e São Gonçalo.

Na Carioca, já existe desde os anos 1970, esqueleto para implantar outra plataforma de embarque, 15 metros abaixo da estação existente. Cerca de 150 metros de túnel com trilhos já instalados chegaram a ser implantados em direção ao Estácio. O plano original previa ainda estações no Catumbi e na Cruz Vermelha. Na Praça Quinze, haveria uma plataforma independente para embarcar na Linha 3.

— A conexão Estácio-Carioca é essencial dos planos de contarmos no futuro com um VLT ou um Metrô interligando os municípios da Baixada com o Rio. Ela reduziria tempos de viagem na Linha 2 e haveria condições técnicas para que os trens operassem com mais carros (de seis para oito). Sem essas mudanças, a estação da Pavuna não seria capaz de absorver mais demanda da Baixada, por integrações no bairro caso essas cidades implantem BRTs ou linhas de VLTs — explicou o chefe de gabinete da secretaria de Transportes, Rogério Sacchi.

Sacchi diz que ao simplificar o projeto, os cortes vão viabilizar financeiramente a obra da Gávea. Outras alterações no projeto já haviam sido anunciadas para reduzir despesas. Uma delas é não reativar o tatuzão para concluir as escavações que faltam entre as estações da Gávea e Antero de Quental (Leblon). O que será concluída é a conexão entre São Conrado e a Gávea.

Sem as alterações, a intervenção custaria mais de R$ 1,3 bilhão. Em outubro do ano passado, ao anunciar um acordo para retomar a obra, o governador Cláudio Castro admitiu que era improvável que a estação da Gávea terminasse antes do fim do mandato, em dezembro de 2026.

O acordo, firmado por um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), prevê que a operadora da Linha 4 Rio desistiria de explorar o serviço, repassando a operação para o Metrô Rio. Este se comprometeu em investir R$ 600 milhões na obra. Além disso, as operadoras desistiriam de pedidos de reequilíbrio do contrato junto à Agetransp, que poderiam onerar ainda mais o Estado.

Em troca, o Metrô Rio terá o contrato de exploração da linha estendido por mais 10 anos, finalizando em 2048. O governo do Rio, por sua vez, deverá investir R$ 97 milhões no projeto.

Presidente da Federação de Associação de Moradores do Rio (Fam-Rio) e diretor do Fórum de Mobilidade Urbana, o engenheiro Licínio Machado Rogério tem críticas à decisão de não deixar a Gávea preparada para uma futura expansão e não concluir a ligação com o Leblon.

— A retirada das escadas do projeto, até pela profundidade da estação da Gávea, é até lógica pelo tempo que seria perdido pelos usuários nas subidas e descidas. Mas não concluir a obra em direção ao Leblon é desperdício de dinheiro. Há estruturas pré-moldadas, prontas para ser instaladas pelo tatuzão, que ficarão sem uso. E na Gávea, era preciso já deixar a estação preparada para uma futura expansão que transformasse efetivamente o metrô num sistema que opera em forma de rede. Na configuração atual, é uma extensão da Linha 1 — disse Licínio.

Fonte: https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2025/02/10/conclusao-do-metro-da-gavea-obras-para-abrir-a-estacao-devem-levar-quase-quatro-anos-entenda.ghtml, 10/02/2025

Foto: Brasil de Fato – Divulgação

 

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