O Globo – O transporte público do Rio vem perdendo muitos passageiros. Nos últimos cinco anos, a redução alcançou 21,7%, com o número de usuários caindo de 147 milhões para 115 milhões por mês. E o impacto foi em trens, metrô, barcas e ônibus, segundo a Coppe/UFRJ. Nesse cenário, na contramão de cidades desenvolvidas, que priorizam trilhos, no Rio a falta de planejamento tem levado a privilegiar o transporte rodoviário, com investimentos desiguais em infraestrutura, descentralização da bilhetagem e políticas de subsídios e tarifas muito diferentes.
A primeira edição do ano do Caminhos do Rio, que acontece na próxima terça-feira, a partir de 9h30, terá como tema “O futuro sobre trilhos”. No evento — realizado pelos jornais O GLOBO e EXTRA, com patrocínio da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos) —, autoridades e especialistas vão debater os desafios e as respostas para garantir um transporte público eficiente e acessível para a mobilidade no Rio. A mediação será do jornalista Rafael Galdo, editor da Editoria Rio do GLOBO.
O evento será no auditório da Editora GLOBO, na Rua Marquês de Pombal 25, no Centro. As inscrições para participar do seminário são gratuitas e podem ser feitas através do link https://oglobo.globo.com/projetos/caminhosdorio/
‘O futuro do transporte de massa’
A abertura do seminário terá a participação remota de Ignacio Vázquez, CEO do Metrô de Madri. Já o primeiro painel, sobre “O futuro do transporte de massa”, terá como debatedores Washington Reis, secretário estadual de Transporte e Mobilidade Urbana; Guilherme Ramalho, presidente do MetrôRio; Marcus Quintella, diretor da FGV Transportes, e Silvia Bressan, diretora de Concessões, Transportes e Novos Negócios do VLT Carioca.
Para Quintella, “o transporte urbano sobre trilhos é a única forma de melhorar a mobilidade nas grandes cidades”:
— Os trens e metrôs são os únicos modos de transporte de alta capacidade e devem ser a espinha dorsal da mobilidade urbana das metrópoles. O Rio de Janeiro carece urgentemente de fortes e permanentes investimentos em trens e metrôs, sob pena de tornar a vida de seus cidadãos insuportável, com congestionamentos intermináveis e baixíssima qualidade de vida.
Guilherme Ramalho considera urgente e fundamental o debate sobre a melhoria do sistema de transporte público:
— Um sistema de transporte eficiente, acessível e de boa qualidade é essencial para a melhoria da qualidade de vida, para a atração e geração de empregos e para o fomento do desenvolvimento econômico e social.
O presidente do MetrôRio cita ainda o desafio da transição energética:
— Precisamos reduzir a emissão de gases poluentes nas grandes cidades e, para isso, temos que agir agora. No Rio, acredito que temos hoje uma grande oportunidade para redefinir as políticas públicas voltadas para a mobilidade urbana, priorizando os transportes coletivos e sustentáveis. Tomando as medidas corretas, podemos ter um sistema integrado, acessível e abrangente, suportado por uma política contínua de investimentos. As nossas decisões de hoje vão moldar o Rio de Janeiro dos próximos 20 anos.
‘O desafio da tarifa única’
Na mesa 2, “O desafio da tarifa única”, estarão presentes Adolpho Konder, presidente da Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários, Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro (Agetransp); Joubert Flores, presidente do Conselho Administrativo da ANPTrilhos; Edmar de Almeida, professor do Instituto de Energia da PUC-Rio; e Lucas Costa, diretor de Estruturação de Projetos da CCPAR.
Joubert Flores lembra que o transporte público é um direito social:
— A perda de passageiros que enfrentamos exige uma reflexão por parte dos tomadores de decisão. Tempos de viagem e custo da tarifa são as percepções de maior valor para os usuários dos sistemas. Organizar, otimizar e integrar as redes, além de custear uma tarifa social justa e acessível, pode ser a saída, que certamente também trará contribuição na questão da sustentabilidade.
Fonte: O Globo, 14/02/2025