RJ amplia concessão do metrô em 10 anos

Folha de S. Paulo – O Governo do Rio de Janeiro tenta destravar a agenda de expansão da rede metroviária após finalizar um acordo para concluir as obras da estação da Gávea (zona sul) e estender por mais 10 anos a concessão das linhas 1, 2 e 4.

As novas obras em debate fazem parte de antigos planos no estado e, de acordo com o Plano Diretor Metroviário, concluído em 2016, estão estimados em cerca de R$ 36 bilhões. A persistente crise financeira fluminense e o histórico de crescimento lento da rede deixam em dúvida a possibilidade dessa retomada.

A gestão Cláudio Castro (PL) assinou no início de abril um acordo com a concessionária Metrô Rio para concluir as obras da estação Gávea, paralisadas desde 2015. A empresa vai custear R$ 600 milhões das intervenções, e o estado vai complementar o valor restante, estimado em R$ 97 milhões. A obra deve durar três anos.

Em troca, o governo estendeu em mais dez anos a concessão, agora a ser concluída em 2048. A Metrô Rio também vai assumir a responsabilidade pela gestão da linha 4, onde antes atuava apenas como operadora.

Foto: Folha de São Paulo – Por Alexandre Macieira

O acordo precisou do aval de inúmeros órgãos a fim de encerrar uma miríade de discussões jurídicas entorno da conclusão da estação, que envolviam suspeitas de superfaturamento, falta de recursos e risco aos prédios no entorno. Assinaram o contrato, além do governo e da concessionária, representantes do Ministério Público, Defensoria Pública, Agetransp (agência reguladora do setor), Tribunal de Contas do Estado e Tribunal de Justiça.

“Quando eu entrei [no comando do governo, em 2021], tinha duas decisões: uma que mandava eu fazer [a obra da estação] e a outra que me proibia fazer. Eu tinha que escolher qual que eu ia descumprir, porque era uma coisa tão complexa, TAC [Termo de Ajustamento e Conduta] daqui, TAC dali, ação daqui, ação dali…”, disse o governador.

O presidente do conselho da ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos), Joubert Flores, afirma que a ampliação da rede também vai exigir a compra de novos trens e modernização da sinalização. Para ele, a demanda por recursos exige que o governo federal participe das obras, dada as dificuldades financeiras do estado.

“No Brasil, diferente de países da Europa e América Latina, o governo federal não participa da mobilidade, nem com investimento, nem com custeio. Como o município ou o estado vão fazer esse investimento sozinhos?”, disse ele.

A linha 3 está incluída no novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), mas ainda depende da conclusão dos estudos a serem licitados pelo governo estadual.

Flores, que trabalhou por mais de 40 anos no metrô do Rio de Janeiro, afirma que a política de expansão da rede deve ser uma política de Estado, não de governo, já que a conclusão das obras costuma demorar mais do que um mandato.

“O metrô de São Paulo, que é mais velho 5 anos do que o do Rio, já tem o dobro da rede e mais 4 ou 5 linhas planejadas. O crescimento da rede no Rio é muito pequeno. Cidades como as nossas na América Latina, que tem sistemas da mesma idade, tem todos 200 km. Tivemos uma política de crescimento muito lenta”, afirmou ele.

Outra dúvida é em relação ao estado da tuneladora, conhecida como “tatuzão”, estacionada há dez anos no túnel incompleto que ligaria a estação Antero de Quental, no Leblon, à Gávea. Caso o estado opte em utilizá-lo para abrir novas frentes da rede, ele precisaria ser desmontado para perfurar os vãos das novas linhas.

O governo também estuda meios para ampliar o subsídio da tarifa do metrô e dos trens. O valor cobrado do passageiro no Rio de Janeiro é o mais alto do país (R$ 7,90). Há contudo, uma tarifa social subsidiada de R$ 5 a pessoas com renda até R$ 3.200.

Fonte: Folha de São Paulo, 29/04/2025

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