Coppe inicia estudo para Linha 3 do metrô

A Coordenação dos Programas de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da UFRJ anunciou, na última terça-feira, o início dos estudos técnicos que vão dar suporte à futura implantação da Linha 3 do metrô do Rio de Janeiro. O estudo para a criação da nova linha metroviária, que deverá conectar São Gonçalo, Niterói, Itaboraí e Rio de Janeiro, é fruto de um pedido do governo federal, via emendas parlamentares, no valor de R$ 26 milhões. O valor será repassado em três parcelas, e a primeira já foi encaminhada. O estudo tem prazo de 30 meses para conclusão.

De acordo com a Coppe, o projeto busca oferecer uma base técnica para decisões estratégicas sobre o traçado, a viabilidade econômica e os impactos sociais da linha, prometida pelos prefeitos do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e de Niterói, Rodrigo Neves, caso as duas cidades vençam a disputa pela organização dos Jogos Pan-Americanos de 2031.

O estudo é coordenado pelo professor Rômulo Orrico, do Programa de Engenharia de Transportes (PET) da Coppe. Questionado sobre o objetivo do projeto, ele comparou a iniciativa a trabalhos anteriores e disse que busca um estudo técnico “que funcione”.

— Sobre o itinerário, por exemplo, levantamos oito estudos anteriores, inclusive um dos anos 1960, do Negrão de Lima (governador do então estado da Guanabara, de 1965 a 1971). Nosso projeto não está preso aos itinerários pensados pelos anteriores. Vamos examiná-los, mas é importante lembrar que a implementação não cabe a nós. A intenção é trazer as melhores informações e análises, e o gestor toma a decisão — diz.

Ele destacou os desafios que o estudo deve enfrentar ao longo dos próximos 30 meses, como o apagão de dados sobre mobilidade e comportamento do trânsito.

— É histórica no Brasil a carência de dados nesse campo. A morfologia das cidades mudou, subcentros cresceram. Duque de Caxias, por exemplo, era uma cidade dormitório nos anos 1970, e veja a centralidade dela hoje em dia. Essas mudanças implicam na necessidade de novos estudos. Vamos lidar com uma cidade complexa. Niterói não é um subúrbio do Rio. A ligação entre Niterói e São Gonçalo, pelos dados do IBGE, é a segunda mais importante ligação intermunicipal do país, quando consideramos origem e destino. Só perde para São Paulo e Guarulhos. Vamos precisar de um baita projeto técnico — reconhece.

Orrico preferiu não comentar sobre valores da obra ou itinerários especulados para o projeto:

— Acho que seria precipitado dar um valor agora. Ainda não temos. Acabamos de começar.

Entre os projetos reconhecidos desenvolvidos pelo PET da Coppe estão o sistema de sincronização automática de semáforos implementado no Rio nos anos 1990, a planta-piloto de hidrogênio verde inaugurada em 2023 e os estudos para implementação do metrô de Salvador, também liderados pelo professor Rômulo Orrico.

Projeto dos anos 1960

 

A responsabilidade pelo metrô é do governo do estado, e o projeto da Linha 3 vem sendo discutido desde 1968. Ainda em 2000, um trabalho contratado pelo BNDES comprovou que um túnel subterrâneo seria viável. À época, foi calculado que a ligação entre as estações Carioca, no Rio, e Guaxindiba, em São Gonçalo, poderia beneficiar 750 mil passageiros por dia.

Em 2010, o Tribunal de Contas da União (TCU) incluiu na “relação de obras e serviços com indícios de irregularidades graves” estudos e levantamentos topográficos, geológicos e geotécnicos, apenas no lote 2 da via (entre Niterói e Guaxindiba), no valor de R$ 62,5 milhões. Tais falhas levaram o órgão a suspender o uso de verbas federais nas obras de construção do lote 2 na ocasião.

Em 2013, o governo federal chegou a anunciar a liberação de recursos para a implantação da linha. O projeto, com previsão para terminar em 2016 caso tivesse avançado, previa a implantação de um sistema de monotrilhos com 14 estações. Em 2015, o custo do projeto foi orçado em US$ 2,57 bilhões, incluindo um túnel sob a Baía de Guanabara conectando as duas cidades, entre a Estação da Carioca, no Centro do Rio, e a Estação Arariboia, em Niterói, e posteriormente avançando até Guaxindiba, em São Gonçalo. O trajeto total da Linha 3 seria de cerca de 21 quilômetros.

Fonte: O Globo: 08/06/2025

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