País de norte a sul e leste a oeste com ferrovias

Folha de S. Paulo – O objetivo do sistema ferroviário brasileiro para os próximos anos é que o país tenha quatro eixos de desenvolvimento e seja cortado de norte a sul e de leste a oeste por trilhos. A afirmação foi feita nesta quarta-feira (25) pelo secretário nacional de transporte ferroviário, Leonardo Ribeiro.

Ao participar de evento virtual promovido pela Abifer (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária), ele afirmou que a visão de futuro é otimista e que, com a conclusão da Ferrovia Norte-Sul em 2023, já é possível que as cargas percorram 2.200 quilômetros em linhas férreas.

“É possível por ferrovias transportar de Estrela D’Oeste, em São Paulo, seguindo para Açailândia, no Maranhão, entrando no porto de Itaqui, uma ferrovia de 2.200 quilômetros. Isso é muito relevante. O Brasil já tem essa espinha dorsal”, afirmou.

De acordo com ele, o plano nacional de ferrovias está sendo estruturado para que a participação do setor ferroviário na matriz de transporte possa sair dos atuais cerca de 20% para 35% ou até 40 —até meados da próxima década.

“Isso significa que a gente vai precisar trabalhar em todo o território nacional […] O Brasil já tem essa espinha dorsal. Nós já abrimos a audiência pública para fazer o leilão do corredor Fico-Fiol, um grande desafio para o Brasil”, afirmou, em referência às ferrovias do Centro-Oeste (Fico) e de Integração Oeste-Leste (Fiol).

Como a Folha mostrou em reportagem de Thiago Bethônico, porém, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já calcula que a Ferrogrão —obra monumental da região Amazônia que liga o Mato Grosso ao Pará—, por exemplo, não vai sair do papel neste mandato.

Ela é um dos projetos que integram o Plano Nacional de Ferrovias do governo federal, voltado para a concessão de 4.700 km de estradas de ferro, com empreendimentos que cortam as regiões Sudeste, Norte e Nordeste.

Foto: ANTF

A previsão do governo é que esses projetos atraiam investimentos de R$ 100 bilhões.

Ribeiro disse que, para cada um dos quatro eixos de desenvolvimento o governo federal está atacando frentes de atuação para promover os investimentos.

“Estamos trabalhando com o tripé do desenvolvimento do setor ferroviário. Funding, estratégia de funding, um banco de projetos e um portfólio normativo para destravar os investimentos privados.”

Abaixo da média

O índice de cargas transportadas por ferrovias no Brasil é muito inferior ao de outros países de dimensões continentais, como Rússia, Canadá, Austrália e Estados Unidos.

O maior disparate é visto com a Rússia, que leva mais de 80% de suas cargas pelos trilhos, mas nos outros países os índices superam os 40%.

Durante o evento virtual, o presidente da Abifer, Vicente Abate, apresentou dados atualizados sobre a indústria ferroviária nacional, que gera 66 mil empregos, fatura R$ 7 bilhões por ano e recebeu investimentos de R$ 6 bilhões nos últimos dez anos.

No ano passado, foram transportadas 150 milhões de toneladas de cargas ferroviárias gerais no país, maior marca já atingida. Incluindo minérios de ferro, principal produto transportado pelas ferrovias, o total supera 540 milhões de toneladas, 1,83% mais que em 2023, segundo dados da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários).

Fonte: Folha de S. Paulo, 26/06/2025

 

 

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