O presidente da espanhola Ferrovial, Alejandro de la Joya, afirmou que a companhia está pronta para a disputa pelos quatro aeroportos que o Brasil pretende privatizar, mas cobrou agilidade do governo brasileiro na definição do modelo de concessão.
O executivo disse que não pretende entrar como sócio minoritário dos terminais. Para nós, só faz sentido investir em um consórcio com mais de 40% de participação ou mais de 50%, disse. Essa participação vai depender das regras do edital e ainda estamos esperando para definir nossa estratégia. O que asseguro é que não faz parte dos nossos planos sermos sócios investidores [minoritários].
Hoje, a Ferrovial é responsável pela gestão do aeroporto de Heathrow, de Londres —um dos maiores do mundo—, administra rodovias em nove países e registrou faturamento de € 8 bilhões em 2015. No passado, a Ferrovial criticou os indicadores de desempenho da economia brasileira que foram considerados no cálculo dos lances para os aeroportos de Guarulhos. Naquele momento, já questionava as taxas de crescimento do PIB e o lance mínimo de R$ 3,2 bilhões.
Em um consórcio com a construtora Queiroz Galvão, a empresa deu lance de cerca de R$ 6 bilhões, mas perdeu para a Invepar, da OAS, que pagou R$ 12 bilhões.
O presidente da Ferrovial negou a intenção de comprar fatias das empreiteiras nos aeroportos Guarulhos ou Viracopos. A fatia da OAS em Guarulhos (24,4%), que hoje pertence aos credores da construtora, está avaliada em cerca de R$ 1,6 bilhão. A UTC, que tem 23% de Viracopos, pede cerca de R$ 560 milhões. Joya afirmou que a empresa também avalia investir em concessões rodoviárias. No Brasil, a Ferrovial só presta serviços para a concorrente espanhola Abertis, que duplica a Rodovia do Café (BR 116) e a rodovia Fluminense (BR 101).
O diretor financeiro da Abertis, José Aljaro, afirmou que o grupo pretende destinar até € 1,2 bilhão em novos investimentos às rodovias que já administra no Brasil. Ele disse ainda que a empresa tem interesse na nova fase de concessões. Tudo vai depender das condições [da nova etapa]. O secretário do Programa de Parcerias e Investimentos do Brasil, Moreira Franco, não compareceu ao evento alegando que precisava concluir a nova política de concessões junto com o presidente interino, Michel Temer.
As declarações foram dadas durante o XV Encontro Santander América Latina.
Fonte: Folha de São Paulo, 07/07/2016