Editorial – Ganhos com a Olimpíada e desafios para o futuro

A questão dos benefícios ou malefícios para o Rio derivados da Olimpíada alimenta discussões desde quando a cidade, em 2009, saiu vencedora na disputa para hospedar os Jogos, com as concorrentes Chicago, Tóquio e Madri. Mas não parece haver dúvidas que os cariocas sairão como ganhadores dos Jogos.

Nos últimos anos, convencionou-se que o modelo de uma cidade exitosa ao organizar uma Olimpíada foi o de Barcelona (1992), enquanto o mau exemplo ficou com Atenas (2004). Entendendo-se que o sucesso do evento é mensurado pelo que a população da cidade anfitriã se beneficia do projeto dos Jogos no seu cotidiano — em transportes, revitalização de áreas etc.

E é indiscutível que o Rio está mais próximo do caso da cidade espanhola. Houve um erro estratégico em localizar o Parque Olímpico na Barra, mas a nova linha de metrô, a malha de BRTs, o VLT no Centro e a revitalização da área do Porto, articulada com a demolição da Perimetral, produzem efeitos positivos sobre a cidade, e os cariocas ganham em qualidade de vida.

O Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas, por sua vez, realizou um estudo sobre impactos do projeto olímpico, desde a escolha do Rio. O diretor do Centro, Marcelo Neri, alinhou, em artigo no GLOBO, efeitos sociais positivos ocorridos na cidade durante a execução do projeto dos Jogos.

Feito com base em dados colhidos pelo IBGE em suas pesquisas por amostra de domicílio (Pnads), o estudo constatou que houve, no período de implementação do projeto Rio-2016, significativos 36 avanços para a vida do carioca e apenas dois retrocessos, relacionados ao tempo gasto nos deslocamentos na cidade.

O que se espera venha a ser equacionado com a entrega das novas vias, embora se saiba que apenas com a ampliação do metrô e modernização bem mais ampla da SuperVia o problema será equacionado para valer.

Uma forma de testar a conclusão foi levantar como os indicadores do Rio e cidades vizinhas se comportaram antes do anúncio da Olimpíada.

Pois nesta fase, de 1992 a 2008, o placar, contrário aos cariocas, foi de 7 a 10 indicadores, com sete empates. E depois da vitória do Rio na competição para abrigar os Jogos o resultado terminou em 18 a1, a favor da cidade, com cinco empates. Comprova-se que a Olimpíada tem sido positiva para os cariocas.

Há, ainda, o legado em obras, mas, alerta Neri, a cidade precisa de um novo projeto para substituir o olímpico. Com o agravante, alerta o economista, de que a proporção da faixa da população com idade de trabalhar começa a cair este ano.

Encerradas as competições, esta passa a ser a principal tarefa para líderes da cidade. Sendo que a opção de jogar todas as esperanças no petróleo já não se revelou a melhor.

Fonte: O Globo, 02/08/2016

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