O investimento em transportes no país alcançou os R$ 28,2 bilhões no ano passado – segunda queda anual de valores gastos no setor consecutiva. O dado foi apontado pelo Anuário Estatístico de Transportes, primeiro documento oficial do governo reunindo informações de fontes oficiais diversas do setor transportes.
De autoria da EPL (Empresa de Planejamento e Logística) e da Secretaria de Política de Transportes do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, o anuário reúne dados de 2010 a 2016. No caso dos investimentos, os dados oficiais foram separados entre investimentos públicos e privados. E nenhum dos dois é bom, principalmente se colocados em perspectiva futura.
Nos gastos totais, o país vem regredindo desde 2014, quando alcançou R$ 38,2 bilhões em investimentos. Os R$ 28,2 bilhões de 2016 equivalem a uma queda de 26% e é igual ao que se gastou em 2013. No primeiro ano da série, 2010, foram gastos R$ 22 bilhões.
Separado o gasto do setor privado, a queda entre 2014 e 2016 é ainda maior, de 36%, considerando os gastos com rodovias, ferrovias e aeroportos. Foram R$ 14 bilhões, em 2014, contra R$ 8,9 bilhões no ano passado.
Só há registro de crescimento em parte dos gastos do setor portuário. Nesse caso, contudo, a medição é por investimento permitido em TUP (Terminais Privados).
No anuário não foi possível checar quanto dos R$ 16,5 bilhões autorizados desde 2013, com a nova Lei de Portos, foi efetivamente realizado, já que as empresas autorizadas não são obrigadas a fazer a obra.
Para 2017, os analistas apontam que os números registrados em 2016 não serão alcançados. Isso porque, no ano passado, as rodovias federais, por exemplo, ainda estavam com projetos de concessões com obras em andamento, o que praticamente acabou esse ano devido à crise que se abateu sobre as concessões da terceira etapa.
As ferrovias também estão à espera de definição para saber se vão ou não ter seus contratos prorrogados antecipadamente. Os aeroportos concedidos já fizeram seus maiores investimentos e os que tiveram o leilão encerrado este ano só devem ter investimentos a partir de 2018.
PRIMEIRO DOCUMENTO DO MILÊNIO
O secretário Nacional de Política de Transportes do ministério, Herbert Drummond, conta que o anuário é o primeiro documento oficial do governo que condensa num só local todas as informações do setor de transportes, que vão de gastos a número de passageiros transportados e custos de frete, por exemplo.
Ele lembra que, desde 2001, com a extinção do Geipot, órgão responsável pelo planejamento de transportes do governo federal, não se fazia um anuário reunindo os dados oficiais. “É o primeiro do milênio”, brinca Drummond.
De acordo com o secretário, o trabalho em conjunto com a EPL vai passar por evoluções, mas será instrumento fundamental para o planejamento das políticas do país. “Faltava esse nível de informação para poder ajudar no desenvolvimento de um plano mais amplo para o setor no país”, afirmou o secretário. A Agência iNFRA publicará, ao longo desta semana, alguns dos principais gráficos com informações sobre o setor de transportes.
Fonte: Agência Infra, 04/07/2017