Trens do Rio podem parar de circular em agosto

Os trens da Supervia podem parar por falta de dinheiro, pois, segundo a empresa, a redução de passageiros na pandemia provocou um prejuízo que pode chegar a R$ 120 milhões. Ainda de acordo com a concessionária, os salários de funcionários e os pagamentos de fornecedores podem ser afetados já em agosto. Enquanto isso, os passageiros continuam reclamando dos trens cheios.

Segundo o presidente da Supervia, Antônio Carlos Sanches, em quatro meses a concessionária perdeu 30 milhões de passageiros, que equivalem a R$ 102 milhões de receitas. No período mais crítico da pandemia baixou de 600 mil passageiros para 180 mil. Com a flexibilização, atualmente, a Supervia transporta 280 mil pessoas.

“Se isso se mantiver, inviabiliza a operação. Existe um risco de colapso financeiro, no mês de agosto. Tivemos várias iniciativas junto aos governos estadual e federal para buscar um apoio, mas até agora não tivemos nenhuma atuação concreta. A questão do caixa é uma questão de curto prazo, precisamos desse apoio financeiro rapidamente”, disse Sanches, ressaltando que o limite para evitar a paralisação é o final do mês de agosto

Na quinta-feira (9), a concessionária tem uma reunião na Casa Civil, junto com o Metrô Rio, para discutir medidas que possam ajudar a enfrentar essa crise financeira. O governo deve apresentar alternativas e propostas para evitar o colapso no serviço.

Em nota, a empresa explicou que “A SuperVia esclarece que, se a partir de agosto não obtiver apoio financeiro para manter seu serviço, não terá caixa suficiente para cumprir com todos os seus pagamentos, como por exemplo pagamento de folha e de fornecedores, as contas de energia e os gastos com manutenção da frota, o que colocará dificuldades na operação dos trens”.

Segundo a concessionária, com a flexibilização das medidas restritivas o aumento de passageiros foi de 5%. A Supervia diz que perdeu também receitas não-tarifárias, com as lojas e quiosques nas estações que estão, em sua maioria, fechadas.

Para tentar melhorar o caixa e evitar demissões, a concessionária fez um corte de despesas, como a redução de 25% na jornada e nos salários de dois mil funcionários. Para afastar a possibilidade de paralisação do serviço, a Supervia está tentando uma negociação com o governo do estado.

Os passageiros que pegam trem diariamente reclamam que as composições continuam circulando cheias, principalmente no horário de ida para o trabalho, de manhã cedo, e na volta para casa no final do dia. Outra queixa é o aumento do intervalo entre os trens.

A Secretaria Estadual de Transportes disse que essa é a pior crise nos transportes públicos dos últimos 50 anos e que essa realidade não é exclusiva do Rio de Janeiro, mas do mundo inteiro. A Setrans disse também que as empresas de transporte – trem, metrô, barca e ônibus – precisariam de um suporte financeiro entre R$ 80 milhões e R$ 120 milhões mensais, por até um semestre, para manter as atividades.

O governo do estado disse que, por conta das restrições e dificuldades e ajudar financeiramente os operadores, a Setrans, em conjunto com as secretarias de transportes de São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco, está buscando apoio do governo federal através do Ministério da Economia. Segundo o estado, se o transporte público urbano reduzir suas operações, a retomada da economia será fortemente comprometida.

Fonte: G1,  08/07/2020

 

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