Três vagões históricos deixam abandono no Rio para serem preservados em SP

Essa é uma história que tem um capítulo importante ligado aos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.

Abandonados no antigo pátio-terminal de cargas de Praia Formosa, três vagões ferroviários foram transferidos para a Superintendência do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) devido ao projeto Porto Maravilha, para as Olimpíadas de quatro anos atrás.

Lá, poderiam ter virado sucata, como ocorre com muitos bens ligados às ferrovias no país, mas três voluntários da ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária) viram ali a possibilidade de resgatar os vagões “evitar o maçarico” -termo usado por amantes de ferrovias para designar os bens que foram destruídos.

Segundo a ABPF, os três voluntários identificaram o vagão tanque e foram inicialmente até Praia Formosa, mas não o encontraram. Souberam da transferência para outro local, para onde se dirigiram.

Resolveram escrever “não cortar” em um deles e começava ali a negociação para que fossem preservados. O último episódio ocorreu semana passada, quando os três vagões ferroviários deixaram o pátio em que estavam, no Rio, e foram transferidos para o interior paulista, onde serão preservados.

E que vagões são esses? Todos fazem parte da história ferroviária brasileira. Um deles, tanque, foi fabricado em 1936 na Bélgica e chegou ao Brasil para servir a Estrada de Ferro Leopoldina. Ele está em condições de circulação.

Os outros dois têm fabricação mais recente, são de 1976. Um foi feito na extinta Iugoslávia, enquanto o outro é de produção nacional, construído pela Cobrasma e que pertenceu à Rede Ferroviária Federal.

Após a ação dos voluntários, foi feito o pedido formal ao Dnit, de acordo com a associação. Só aí descobriu-se que o vagão tanque ainda estava operacional, o que fez com que as negociações se estendessem pelos últimos cinco cinco anos.

Além dos vagões, a ABPF foi autorizada a recolher componentes avulsos, como engates, que serão úteis na frota da entidade de preservação.

De acordo com o Dnit, os técnicos do órgão retiraram no último dia 25 os vagões históricos que estavam em Irajá, zona norte do Rio, para que fossem transferidos para a sede da ABPF Sul de Minas, em Cruzeiro, no interior paulista, que já recebeu em setembro três antigas locomotivas que estavam no pátio da Luz, na capital paulista.

A cessão à ABPF foi feita pela diretoria de infraestrutura ferroviária do Dnit, numa ação que envolveu também a Polícia Rodoviária Federal e a FCA (Ferrovia Centro Atlântica).

A intenção é que, após reforma futura, os vagões sejam utilizados na composição do acervo do museu ferroviário que está em criação.

Fonte: Folha de S. Paulo, 03/12/2020

 

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