O que pode ser feito com as linhas férreas desativadas?
Revitalizar espaços que outrora foram utilizados e perderam sua função original vai muito além de preservar a história de um determinado local, visto que essa prática também é uma oportunidade de oferecer algum tipo de serviço à população.
Isso vale tanto para edifícios quanto para antigas estações ferroviárias que foram deixadas para trás, como consequência do processo de urbanização que as cidades brasileiras vivenciaram no último século e da reorganização espacial do território.
Em se tratando das antigas estações de trem, para investir nesse processo de conversão, inicialmente é possível pensar em dois tipos de soluções: a reconstrução, que exige a demolição e carece de um maior tempo de obra, e a revitalização, que permite que a estrutura já existente seja aproveitada. Nesta última, uma das principais vantagens envolvidas é a redução de resíduos gerados, sendo apontada como uma alternativa sustentável.
No Brasil, apesar de muitas estruturas terem sido abandonadas, há projetos que ainda mantêm sua forma arquitetônica preservada e foram adaptados para atender a novas finalidades. Confira, abaixo, 4 exemplos interessantes:
Convertendo galpões e estações ferroviárias em novos espaços
Na capital paulista, um museu bastante conhecido passou por esse processo: trata-se da Pinacoteca. O Edifício Pina Estação, no Complexo Cultural Júlio Prestes, era onde ficava o Armazém Central da Estrada de Ferro Sorocabana, construído em 1914 e que passou por reformas em 2004, permitindo que ganhasse esse novo uso.
Como um outro exemplo, temos o Expressa (Complexo Fepasa) na cidade de Jundiaí, em São Paulo, que conta com 46 mil metros de área construída e 34 edificações. O local abrigou as oficinas das locomotivas à vapor da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, construídas em 1890.
Por lá, atualmente, diversos estabelecimentos oferecem serviços importantes à população, como a Faculdade de Tecnologia de Jundiaí (Fatec) Deputado Ary Fossen, uma unidade do Poupatempo, o Museu da Cia Paulista, o Arquivo Histórico de Jundiaí, entre outras unidades de gestão da Prefeitura, espaços culturais e de convivência.
Em Minas Gerais, prédios tombados onde ficavam a Estação Ferroviária Central do Brasil e Oeste de Minas deram vida ao Museu de Artes e Ofícios (MAO) a partir de 2005. Localizado em Belo Horizonte, ele abriga hoje um acervo de mais de dois mil itens, com roupas, ferramentas e equipamentos antigos, oferecendo à população a oportunidade de conhecer mais sobre o período pré-industrial.
Em Curitiba, capital do Paraná, o Shopping Estação está ligado à parte da estrutura de uma antiga estação de trem, inaugurada em 1885. Além disso, a história do local segue viva no Museu Ferroviário, que fica anexo. Assim, quem está no interior do empreendimento também pode aproveitar a oportunidade para conhecer seu acervo e conferir de perto uma locomotiva antiga movida a vapor.
Estes casos mostram como o bom uso das estruturas das antigas linhas férreas, oficinas e galpões desativados apresentam potencial para introduzir novas dinâmicas nas cidades, o que pode até mesmo impactar a economia regional de uma forma positiva, seja por meio do aumento na oferta de espaços públicos ou privados.
Foto: JC Online – UOL
Fonte: Estadão Mobilidade, 18/07/2023