Diário do Litoral – A Ferrovia Santos-Juquiá foi inaugurada entre 1913 e 1915 e foi construída pelos ingleses da Southern San Paulo Railway. A linha desempenhou um papel crucial no desenvolvimento econômico e social no litoral de São Paulo e no Vale do Ribeira, fazendo uma conexão fundamental entre as regiões.
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A linha anteriormente era conhecida como Ramal de Juquiá, ligando o Porto de Santos, com as cidades de Juquiá, passando por Itanhaém e Peruíbe.
Projetada para conectar o porto de Santos às regiões mais remotas do interior, a linha férrea foi essencial para o escoamento de produtos agrícolas, como bananas, chá e café, além de minerais e madeira, que eram transportados até o litoral para exportação.
Além de impulsionar a economia local, a ferrovia teve grande impacto na ocupação e urbanização de cidades ao longo do seu trajeto. Municípios como Itanhaém, Peruíbe e Juquiá cresceram em torno das estações, fortalecendo suas economias e facilitando o acesso a mercados mais amplos.
O transporte ferroviário também desempenhou um papel fundamental na mobilidade das pessoas, conectando áreas antes isoladas e permitindo a circulação de trabalhadores, turistas e mercadorias.
Contudo, com o declínio das ferrovias no Brasil a partir da segunda metade do século XX, a linha Santos-Juquiá sofreu com a falta de manutenção e com a concorrência de outros modais de transporte, como rodovias e caminhões.
Hoje, o que resta dessa ferrovia é um símbolo de um passado próspero, que ainda desperta debates sobre a revitalização de linhas férreas para o transporte sustentável e eficiente.
A Ferrovia Santos-Juquiá permanece como um marco na história do desenvolvimento do Vale do Ribeira e do litoral paulista, refletindo o impacto da infraestrutura de transporte no crescimento das regiões interioranas e na integração com o litoral.
Sua história é uma lembrança de como o transporte ferroviário moldou o Brasil e uma oportunidade de discussão sobre o futuro desse setor.
História
Como dito durante a matéria, a linha foi construída pelos ingleses da Southern San Paulo Railway. Porém, em 1925, no Governo Washington Luis, a empresa foi comprada pelo Governo do Estado de São Paulo, estilizada e incorporada à Estrada de Ferro Sorocabana.
A ferrovia viveu seu auge durante as décadas de 1940 e 1950, quando circulava em suas linhas o Expresso Ouro Branco, um trem de passageiros moderno e luxuoso, ligando a Capital até Peruíbe.
Entretanto, nas décadas seguintes com o avanço da tecnologia e a urbanização, houve um certo descaso dos governos estaduais e federais em relação às ferrovias.
Em 1971, a Ferrovia Paulista S/A (Fepasa) tornou-se dona da linha, e alguns anos depois acabou interrompendo pela primeira vez o Trem de passageiros para o litoral de SP. Porém, algum tempo depois foi trazido de volta.
Em 1981, a ferrovia foi prolongada até Cajati, sua extensão máxima, para atender as fábricas de fertilizantes da região.
Expresso Ouro Branco / Waldir Rueda
No final da década de 90, o governo estadual acabou privatizando o transporte de cargas ferroviárias, e a maior parte das linhas no estado, concedendo o uso da linha para a Ferrovia Bandeirantes S/A (Ferroban).
Em 1997, após 84 anos de funcionamento, o transporte de passageiros da linha Santos e Juquiá foi suspenso, pois não interessava mais a concessionária.
A linha continuou funcionando para cargas, pois ainda tinha um papel importante na economia estadual. Contudo, em 2003, barreiras caíram sobre a linha na região do Vale do Ribeira, e o transporte foi suspenso e a concessionária desativou a linha.
Linhas
Ana Consta – Juquiá
Essa era uma das principais e mais antigas linhas, inaugurada em 1915, contendo 243 km de comprimento e com 40 estações. A viagem tinha duração máxima de 5h30, mas acabou sendo desativada em 1999.
Peruíbe – Barra Funda
Inaugurada na década de 1977, foi uma das últimas linhas construídas, com mais de 160 km de comprimento. A linha também foi desativada em 1999.
Peruíbe – Campinas
A linha também foi inaugurada em 1977 e tinha o maior comprimento de todos, com mais de 290 km e 48 estações. Foi a última linha a ser desativada, apenas em 2001.
Embu Guaçu – Ana Costa
Inaugurada em 1937, a linha tinha um comprimento de 160 km, com 28 estações e foi desativada em 2000.
Ana Costa – Samaritá
Essa linha era mais urbana e com um pequeno percurso, contendo um pouco mais de 16 km, com 7 estações e 35 minutos de duração. Foi a última a ser inaugurada, funcionando a partir de 1990.
A linha foi substituída pelo VLT a partir de 31 de janeiro de 2016.
Fonte: Diário do Litoral, 26/09/2024