FCA pretende destinar 94,3% do investimento para locomotivas e vagões; quase nada vai para novos trilhos
Uma olhada mais criteriosa no plano de renovação antecipada da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) ajuda a entender porque as audiências públicas foram marcadas por críticas e cobranças. No encontro em Salvador, na última sexta-feira, ouviu-se de tudo, menos elogios ao trabalho da empresa. E se nada mudar, daqui a 30 anos, quando uma nova renovação estiver em curso, a tônica será a mesma. Do montante informado pela VLI em capex capital, 94,3% – ou R$ 11,7 bilhões -, seriam exclusivamente para material rodante, basicamente locomotivas e vagões, dizem analistas. Sobrariam apenas R$ 650 milhões para renovar uma malha que está, em grande parte, abandonada. O capex recorrente, que compõe o restante do investimento, é dinheiro apenas para manter a via.
Sem pressa?
Outra fonte de preocupações é que a empresa pretende realizar boa parte dos investimentos a partir de 2040, quando o usual, e o que foi feito em todas as outras renovações, é que os investimentos sejam feitos nos primeiros 5 a 10 anos de renovação do contrato. Neste ritmo, vai demorar para notar alguma diferença com a renovação.
Conflitos urbanos
Uma das preocupações no processo de renovação é a resolução de conflitos entre a malha e centros urbanos. Neste caso, o investimento previsto é de R$ 300 milhões. É o menor montante apresentado por todas companhias que já renovaram suas malhas até agora, mesmo se tratando da maior em extensão territorial.
Fonte: Jornal Correio, 24/10/2024
Foto: ANTT