Já é passada a hora de desmistificar algumas questões em relação à infraestrutura e logística em favor da mobilidade que nos aflige. Como a falta de dinheiro para investir em Transporte Ferroviário no País, por exemplo. O Brasil é a oitava economia mundial. Países com PIB muito inferior são mais organizados que nós em infraestrutura de transporte. O Brasil dispõe de 40 mil quilômetros de vias navegáveis e utiliza apenas 25% deste potencial. Temos uma das maiores costas marítimas do mundo e não a usamos. No subsídio a automóveis, táxis e motos, o Brasil gasta a cada ano entre R$ 10,7 bilhões e R$ 24,3 bilhões ? ou 86% de todos os subsídios das três esferas de governo, diz o pesquisador Manoel Schindwein. Para o transporte público, são destinados apenas 14% (R$ 2 bilhões). Está provado que, no Brasil, os governos vêm subsidiando setores que ampliam engarrafamentos, o que exige gastos incríveis em duplicações de ruas, avenidas e rodovias, túneis e viadutos. A ordem na lista de prioridades precisa ser alterada.
Ciclovias, linhas de trens e ônibus devem ter corredores livres, principalmente de superfície, em vez de se gastar fortunas com quadruplicação de vias para veículos de transporte individual. É preciso acreditar e lutar para que aconteça. É o que está acontecendo com a Serra Gaúcha. Há alguns dias a Associação Nacional dos Transportes Terrestres concluiu os estudos para implantação de trens regionais abrangendo diferentes estados do País. Neste cenário, o Trem Regional Caxias do Sul/Bento Gonçalves, contemplando as comunidades de Farroupilha, Garibaldi e Carlos Barbosa, foi considerado prioridade entre 64 planos elencados no ranking de qualificação. Ganhou a condição de projeto piloto em nível nacional com garantia de recursos do PAC 3.
Este é um fato objetivo que nos autoriza a continuar lutando ao lado da comunidade regional, em favor da retomada deste modal de transportes. A interligação destas cidades é o primeiro passo para que se planeje uma ligação por Ferrovia até Porto Alegre e se viabilize um ramal de acesso à Ferrovia Norte-Sul, o que atenderia em larga escala à demanda do setor produtivo industrial da Serra Gaúcha, pressionado pela péssima condição da malha rodoviária. Por tudo isso, existe o convencimento de que o País tem tudo para entrar nos trilhos.
Antonio Feldmann
Vice-prefeito de Caxias do Sul e coordenador do Projeto do Trem Regional
Fonte: Jornal do Comércio – RS, 04/04/2014
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