O presidente da Alemanha, Christian Wulff, afirmou nesta sexta-feira, durante evento na Câmara Brasil-Alemanha, que “os brasileiros querem que a Alemanha construa o trem-bala”, que ligará as cidades de Campinas, na Grande São Paulo, ao Rio de Janeiro, com custo estimado em R$ 33 bilhões. Por outro lado, ele cobrou maior empenho das companhias alemãs no Brasil para que vençam o processo de licitação e executem a obra.
“Os brasileiros desejam que a Alemanha construa o trem-bala pelo nosso expertise na área. Mas as empresas alemãs ainda estão relutantes. Temos de manter o diálogo e não perder nenhuma oportunidade”, afirmou, durante almoço com centenas de empresários, na cidade de São Paulo.
Wulff, que esteve quinta-feira com a presidente Dilma Rousseff e na manhã de sexta-feira com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, se disse bastante otimista com as coisas que viu no Brasil e, especialmente, na cidade de São Paulo.
O presidente da Câmara Brasil-Alemanha, Weber Porto, por sua vez, disse que “todas as empresas alemãs presentes no Brasil estão se esforçando para participar de maneira competitiva” do processo de licitação para a construção do trem-bala.
Porto diz, por outro lado, desconhecer qualquer tipo de incentivo por parte do governo alemão para que as empresas do país tenham maior competitividade na disputa.
OCDE
Com um discurso em tom de otimismo, Wulff disse que o Brasil está a caminho de ter um espaço ainda maior no cenário internacional e disse que o governo alemão tem interesse em novas parcerias estratégicas com o País.
Ele sugeriu que o Brasil entrasse na Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico(OCDE) para que novos acordos comerciais sejam firmados. “Precisamos de um livre intercâmbio de produtos e serviços, assim o consumidor definiria o produto que quer. A política tem de ficar longe disso”, afirmou.
“Queremos que Brasil e Alemanha tenham mais acordos comerciais. O protecionismo só é prejudicial para quem o adota”, completou Wulff, que disse que os alemães têm interesse no setor agrícola brasileiro.
Dizendo estar “convencido” com tudo o que viu no Brasil – foi a primeira vez que Wulff esteve aqui -, o presidente alemão afirmou que “os olhos do mundo estarão ainda mais voltados para o Brasil”, por conta da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016. “Oferecemos nossa experiência na organização desses grandes eventos ao Brasil.” Em 2006, a Alemanha organizou a Copa do Mundo, vencida pela Itália, em final contra a França.
Wulff reforçou que as empresas alemãs respondem por 8% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial do Brasil e se disse “orgulhoso” do desempenho de companhias como Volkswagen, Odebrecht e Siemens no País. Atualmente, cerca de 1250 mil empresas alemãs têm filiais no Brasil (1 mil delas, na Grande São Paulo). Segundo Weber Porto, da Câmara Brasil-Alemanha, 100 novas companhias chegaram ao País nos últimos 18 meses. De acordo com dados do Banco Central alemão, 11 empresas brasileiras estão na Alemanha.
Nesta sexta-feira, o presidente da Alemanha também participou da pré-inauguração do Centro Alemão de Inovação e Ciência São Paulo (DWIH), localizado no edifício-sede da Câmara Brasil-Alemanha.
A partir do segundo semestre, o DWH abrigará escritórios de instituições de pesquisas e universidades alemãs interessadas em efetivar parcerias para produção de pesquisa científica e tecnológica com universidades e centro de pesquisas brasileiros.
Fonte: IG, 06/05/2011