De olho na melhoria da mobilidade urbana para receber o fluxo de turistas esperado para assistir aos jogos da Copa do Mundo em 2014 e a Olimpíada em 2016, governos municipais, Estados e União estão tirando do papel dezenas de projetos de metrôs, monotrilhos, trens de alta velocidade, trens regionais e corredores modernos de ônibus. Estima-se que nesta década sejam investidos mais de R$ 80 bilhões que poderão mudar o deslocamento de milhões de pessoas nas grandes cidades brasileiras. Os trilhos deverão ganhar espaço. “Não dá mais para ficar apenas sobre as rodas dos carros”, afirma Rodrigo Vilaça, presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), que esteve recentemente na Alemanha em uma feira do setor e constatou o interesse de empresas de vários países nos planos de investimento no Brasil.
Atualmente, oito milhões de passageiros são transportados por trilhos no País, sendo que mais de 70% desse total está nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, detentoras dos maiores sistemas de transporte dessa área. Esse número é baixo se comparado a outros países. Em Pequim, capital da China, por exemplo, seis milhões usam esse tipo de transporte por dia. Com os novos projetos, o número de passageiros transportados por trilhos deverá superar dez milhões em até quatro anos e poderá aumentar ainda mais até o fim desta década. Um novo sistema que poderá estrear nas cidades brasileiras nesta década é o Veículo Leve sobre Trilhos, chamado no jargão do setor por VLT, uma espécie de trem de passageiros cujo equipamento e infraestrutura são mais leves que os usados no metrô. Vitória, Rio de Janeiro, Salvador e Santos estudam sua adoção, o que pode representar pedidos superiores a R$ 500 milhões a fabricantes de bens de capital.
Há expectativa, também, em relação ao Trem de Alta Velocidade (TAV), que poderá envolver mais de R$ 35 bilhões de recursos na construção de um sistema de trens capazes de trafegar sobre trilhos a mais de 200 quilômetros por hora para interligar São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro. Espera-se que a licitação da primeira etapa, que envolve a escolha de tecnologia e o operador da linha, seja feita ainda esse ano. “Esse é um projeto que envolve grandes investimentos e uma ampla cadeia”, diz Paulo Godoy, presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base. Uma das cinco maiores cidades do mundo, com 21 milhões de habitantes, São Paulo tem o maior projeto de investimento para transportar passageiros sobre trilhos nos próximos anos. A proposta de orçamento do governo paulista é de investimentos de R$ 4,9 bilhões em metrô, apenas em 2012. Monotrilhos e trens regionais também estão na mira.
Um exemplo é a linha que será operada por meio de monotrilho e fará a ligação do aeroporto de Congonhas até a estação Morumbi da rede da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Uma primeira etapa do empreendimento deve ficar pronta até 2014 e a linha completa deve ser entregue em 2015. Deverão ser investidos R$ 3,6 bilhões no projeto. Sede dos Jogos Olímpicos de 2016, o Rio de Janeiro está também se preparando. A capital fluminense tem trabalhado para colocar em pé projetos de corredores exclusivos para ônibus, os chamados BRTs (Bus Rapid Transportation), que funcionam em pistas segregadas e estações modernas, além de veículos com ar-condicionado e mais confortáveis. Um dos maiores projetos é o da TransOlímpica, que prevê investimentos superiores a R$ 1 bilhão. A obra terá pistas para veículos, ciclovias e também corredores exclusivos de ônibus capazes de transportar 100 mil passageiros por dia.
Fonte: Revista Isto É, 20/04/2012