Para estimular o uso de bicicletas, duas mil delas serão compartilhadas gratuitamente por usuários de trens da SuperVia. Um financiamento para mobilidade urbana, do Banco Mundial (Bird) para o governo do estado, inclui o projeto das bikes, que, segundo o secretário de Transportes, Júlio Lopes, está sendo desenvolvido para ser implantado no ano que vem. — A ideia é estimular a integração da bicicleta com o trem — diz Mauro Tavares, coordenador do programa Rio, Estado da Bicicleta, da Secretaria estadual de Transportes. — Inicialmente, pensamos que o usuário poderia levar para casa a bicicleta, devolvendo no dia seguinte, num bicicletário ao longo da linha férrea. Mas ainda não definimos o modelo. Só Bogotá tem mais ciclovias
Com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o estado fez outra parceria. O BID financiou o detalhamento de um projeto para a implantação de uma ciclovia ligando a Praça Saens Peña, na Tijuca, à Praça Quinze. O projeto será entregue à prefeitura na terça-feira, durante o segundo Fórum Internacional da Mobilidade por Bicicleta por Bicicleta (Bici Rio).
— Essa ciclovia terá oito quilômetros, passando por Catumbi, Cruz Vermelha, Avenida Chile e Avenida Almirante Barroso — explica Tavares.
Depois de liberar o embarque gratuito de bicicletas nos trens aos domingos, a SuperVia passa a permitir, a partir de hoje, o acesso das bikes aos sábados, após às 14h, e nos feriados, durante todo o dia. O modelo é semelhante ao adotado pelo metrô. Nas barcas, o acesso das bicicletas é gratuito, todos os dias, entre 10h e 16h.
O Rio tem a maior rede cicloviária do Brasil e a segunda da América Latina, perdendo apenas para Bogotá, que tem 320 quilômetros. Segundo o secretário municipal de Meio Ambiente, Altamirando Moraes, o Rio, que hoje tem 290 quilômetros de ciclovia, ganhará mais dez quilômetros até o fim deste ano, com a conclusão das pistas ligando Paciência ao BRT Transoeste, na altura de Guaratiba, e do Centro de Santa Cruz à Avenida Brasil.
— Estamos trabalhando para ser os primeiros na América Latina. No ano que vem, construiremos mais 50 quilômetros de ciclovias, em bairros da Zona da Leopoldina, que se integrarão com o BRT Transcarioca. Em 2016, devemos chegar aos 450 quilômetros, privilegiando as áreas de Jogos Olímpicos: Deodoro, Barra e Maracanã.
Há um mês e meio, a jornalista Stephanie Sartori, de 24 anos, passou a usar a bicicleta “laranjinha” (de aluguel) nos seus deslocamentos. Moradora do Leblon, ela vai ao trabalho, na Lagoa, e ao curso de processo criativo, na Escola de Bela Artes, no Parque Lage, de bicicleta. Antes, usava táxi ou ônibus.
— Nem passa pela minha cabeça comprar carro. Não está nos meus planos. Andar de bicicleta é muito mais agradável. A gente aprecia a paisagem e ainda faz exercício — diz Stephanie. — Uma amiga me disse outro dia que ficou rodando por muito tempo procurando vaga para estacionar.
Aluna de psicologia da PUC e moradora de São Conrado, Ana Luiza Noronha, de 20 anos, vai todos os dias à universidade de carro. Mas é por falta de alternativa, diz ela:
— O meu sonho é que existisse uma ciclovia na Avenida Niemeyer. Eu viria todos os dias de bicicleta. Em São Conrado, não tenho alternativa, a não ser usar o carro. Infelizmente. Se eu morasse em outros bairros da Zona Sul, poderia fazer como vários colegas, que se deslocam de bicicleta.
Ação destaca benefícios da bicicleta
Já o movimento Rio, Eu Amo, Eu Cuido aproveitou a véspera do Dia Mundial Sem Carro para fazer uma ação irreverente, destacando os benefícios do uso da bicicleta no lugar do carro. Integrantes do grupo ocuparam uma vaga de estacionamento público na Rua México, no Centro, com um estande do tamanho de um carro compacto. O local foi transformado num bicicletário para sete bicicletas. O mesmo foi feito numa vaga em Ipanema, no Posto 9.
A iniciativa recebeu elogios de motoristas que passaram pelo local. O único que não gostou da ocupação foi um guardador de carros, que perdeu o espaço para as bicicletas e reclamou com o grupo de manifestantes.
— Escolhemos o Centro para dar maior visibilidade à ação, visto que o movimento de carros aqui é grande. Queremos mostrar que a bicicleta é o veículo ideal para fazer pequenos trajetos num cidade como o Rio. Traz benefícios tanto para o trânsito quanto para a saúde do ciclista — destacou Ana Lycia Gayoso, coordenadora do movimento Rio, Eu amo, Eu Cuido. A ação de ontem ganhou visibilidade na página do movimento no Facebook, onde contou com o apoio de centenas de internautas.
Fonte: O Globo, 22/09/2012