Governo retoma estudos sobre transporte ferroviário de passageiros. Trechos ligando Brasília a Goiânia e a Luziânia são prioritários.
Depois de décadas de abandono, o uso de trens regionais no transporte de passageiros volta a ser discutido na esfera pública. Dois dos exemplos dessa retomada estão no Distrito Federal.
A execução de estudos de viabilidade para dois trechos — de Brasília a Goiânia e de Brasília a Luziânia — está entre as prioridades da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). “Nossa expectativa é que os dois contratos para realização das pesquisas dos estudos sejam assinados até março de 2013”, revelou ao Correio o coordenador de Cooperação Técnica e Financeira Internacional da agência, Ronaldo Magalhães.
O edital para a contratação do estudo referente ao trecho Brasília-Goiânia será apresentado até o fim do mês a seis consórcios nacionais e internacionais pré-selecionados.
O financiamento é do Banco Mundial. A iniciativa, segundo Magalhães, é resultado do compromisso firmado no início do ano entre os governos do DF e de Goiás para reavaliar o projeto do “Expresso Pequi”, surgido em 2004, que previa a implantação de um trem de alta velocidade para o transporte de cargas e de passageiros entre as duas capitais. Na época, a ideia foi considerada inviável.
A nova versão considera um trem de média velocidade, capaz de alcançar 180km/h. O número de estações nos 220 quilômetros da linha será determinado pelo estudo, mas estão previstas paradas nas cidades de Alexânia e Anápolis, onde haveria interligação com a Ferrovia Norte-Sul. “Estamos empenhados para que essa obra seja incluída no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e no programa de investimentos em logística do governo federal”, acrescentou Magalhães.
O edital de licitação para o trecho de Brasília a Luiziânia será publicado até o fim de dezembro ou início de janeiro de 2013. Com os estudos prontos, serão elaborados os planos de investimentos dos projetos, a serem executados pelo modelo de Parceria Público-Privada (PPP).
No total, o Ministério dos Transportes decidiu reexaminar o aproveitamento de 1,7 mil km de trechos subutilizados, em todo o país onde só trafegam cargas.
Ontem, durante seminário na ANTT, o diretor de Planejamento do Ministério dos Transportes, Francisco Costa, afirmou que serão concluídos os estudos de viabilidade de seis trechos prioritários dos 64 que foram listados em 2002 em trabalho feito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Coreanos na disputa
Depois de vários adiamentos e cancelamentos, o edital para o trem de alta velocidade (TAV), ligando as cidades de Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, será relançado na próxima segunda-feira, agora dividido em duas etapas.
A primeira, de contratação das obras de infraestrutura, tem valor estimado em R$ 8,7 bilhões. A segunda, incluindo os investimentos no trem-bala, será de R$ 26,9 bilhões.
Ao todo, os R$ 35,6 bilhões estão 7,5% acima dos R$ 33,1 bilhões previstos no edital anterior. No entanto, para o diretor da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Hélio Mauro França, a principal mudança é a redução do prazo de experiência nesse tipo de transporte — de 10 para cinco anos — exigido dos consórcios que pretendem participar da licitação. “Isso deixará os coreanos participarem da disputa. Já os chineses, em função de um acidente recente, não poderão operar. Mas eles poderão fornecer os equipamentos”, disse.
Fonte: Intelog – Porto Alegre/RS, 25/11/2012