Novo modelo de bonde agrada moradores de Santa Teresa

O governo do estado apresentou um novo projeto para o bondes de Santa Teresa. Os moradores exigiram modificações no primeiro projeto, mostrado em 2012. A principal reivindicação era pela manutenção das características históricas do transporte que, segundo alguns, é a alma do bairro. Sem abrir mão da segurança, as novas composições vão manter a identidade tradicional dos bondinhos, além de oferecer uma capacidade de 32 passageiros, 8 a mais em comparação ao que tinha sido proposto anteriormente.

Quem gostava de viajar em pé, sobre os estribos, não poderá mais fazê-lo. Apesar de mantidos, os novos estribos serão retráteis. Para evitar que passageiros viajem ali, o bonde só se movimentará com os estribos retraídos. A modificação visa a evitar acidentes, como o que vitimou o turista francês Charles Damien Pierson, de 24 anos, em 2011. Charles caiu do veículo quando este passava pelos Arcos da Lapa quando se desequilibrou ao tentar tirar uma foto. Ele morreu na hora. Além disso, os novos bondes terão barras de segurança que se levantam durante as viagens para evitar que os passageiros caiam.

Álvaro Braga, diretor-secretário da Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast), que organizou diversas manifestações contra a primeira proposta, ficou satisfeito com o novo modelo:

— Com certeza (o projeto) é um avanço. Mas vamos analisar para verificar se é possível encontrar algum melhoramento. O projeto anterior era inaceitável, pois reduzia muito a quantidade de passageiros, além de eliminar os bancos tradicionais. O novo modelo parece atender à antiga identidade histórica do bonde — avaliou.

O presidente da AMO Santa Teresa, uma associação criada há dois meses para fortalecer o bairro, além de representar comerciantes e moradores de comunidades locais, Emídio do Badalo também gostou das mudanças.

— Para a segurança das pessoas que andam é muito bom. Sou morador há 52 anos. Já vi pessoas caindo do bonde, crianças sendo atropeladas. Vai ser uma coisa mais segura —disse. Algumas das composições foram pensadas para dar maior acessibilidade a portadores de deficiências. Esses bondes terão uma área reservada para cadeirantes e, por isso, tem uma capacidade menor, de 25 passageiros. Para a Amast, essa redução é muito grande.

— Parece-nos que a área reservada é muito grande. Não somos contra um espaço para deficientes, mas acreditamos que possa haver uma solução que seja melhor — afirmou Braga.

Os novos modelos de bonde terão estribo contínuo ao longo de todo o veículo, em dois níveis, e retrátil para maior segurança dos passageiros; e travessão móvel para o fechamento das laterais enquanto o bonde estiver em movimento. Além disso, o piso terá tratamento antiderrapante. Para garantir uma temperatura mais agradável, o teto será de fibra de vidro e as cortinas, de plástico transparente, terão proteção contra raios ultravioletas. A iluminação interna será feita com lâmpadas de LED.

Segundo o secretário-chefe da Casa Civil do estado, Régis Fichtner, os projeto dos bondes não sofrerá novas alterações. Pelo cronograma da secretaria, a primeira composição chegará ao Rio em fevereiro de 2014, passando a operar em fase de testes.

— A partir de março o outros começarão a chegar, até termos todos os 14 em junho —, diz o secretário, acrescentando que até o meio do ano todas as composições estarão em operação.

Alterações de trânsito causam transtorno no bairro históricoNo segundo dia das mudanças de trânsito em Santa Teresa, alguns motoristas continuavam descendo a rua Monte Alegre, que desde a tarde de segunda-feira tem sentido único para Santa Teresa. Mesmo assim, o trânsito já fluía melhor do que no dia da implantação das alterações, que começaram com três horas de atraso.

Em alguns locais o estacionamento não é mais permitido, pois os ônibus passam por ali. Segundo o diretor da Amast, isso exige uma certa disciplina dos moradores que se acostumaram a para seus carros nesses locais. Entretanto, quem mais sofre com as alterações mora nas ruas interditadas. De acordo com a Amast, a Central não cumpriu a promessa feita à associação de disponibilizar vans para o moradores destes trechos.

— A Rua Joaquim Murtinho não é pequena. Se a pessoa mora no meio da rua e não tem carro, ela é obrigada a caminhar muito até um ponto de ônibus — disse Braga.
De acordo com a assessoria do governo do estado, uma van que fará o trajeto de cerca de 1.200 metros entre os pontos de interdição começou a operar nesta terça-feira.O presidente da Amo Santa Teresa não viu grandes problemas no trânsito da região, mas pediu atenção especial do Estado para as áreas interditadas.

— Pedimos que não deixem Rua Francisco Muratori de lado. É preciso atenção para a segurança nos trechos interditados, para que criminosos não os ocupem. Para Fichtner, o esquema montado tem funcionado de forma satisfatória.

— Está funcionando muito bem. Sempre existe um transtorno para a população, mas é algo que trará em troca vantagens no longo prazo.Mudança para a volta dos bondes em 2014.
O trânsito no bairro sofreu uma série de modificações devido aos preparativos para a retomada da circulação de bondes pelo bairro. As mudanças incluem alterações no sentido de algumas vias e nos itinerários de linhas de ônibus para permitir a substituição de trilhos e a retirada da rede aérea de eletricidade. A previsão é que os bondes voltem a circular em junho de 2014, quase três anos depois de um acidente que deixou seis mortos, em agosto de 2011.

Durante quatro meses, um trecho de 1.200 metros da Rua Joaquim Murtinho, entre os Arcos da Lapa e a Praça Odylio Costa Neto, ficará bloqueado ao trânsito. O esquema prevê ainda a interdição da Francisco Muratori entre as ruas Joaquim Murtinho e Silvio Romero.

Como a Joaquim Murtinho é caminho de subida e descida do bairro para a maioria dos ônibus que circulam por Santa Teresa, as linhas 006 (Silvestre-Castelo), SN006 (Santa Teresa-Castelo), SE006 (Silvestre-Castelo), 007 (Silvestre-Central), 014 (Paula Matos-Castelo) e SE014 (Paula Matos-Castelo) terão seus itinerários modificados. Os ônibus subirão pela Rua Monte Alegre e descerão pelas ruas Dias de Barros, Hermenegildo de Barros e Cândido Mendes.

Fonte: O Globo, 12/11/2013

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