SuperVia terá mil câmeras até 2016

Funcionários do Centro de Controle Operacional (CCO) fazem do sistema ferroviário um verdadeiro Big Brother

Eles passam o dia inteiro de olho nos trens. Pela lente de 623 câmeras, espalhadas em 27 estações, funcionários do Centro de Controle Operacional (CCO) da SuperVia fazem do sistema ferroviário um verdadeiro Big Brother. Por meio de dezenas de telões de LED, os operadores monitoram cada detalhe do transporte, mas também flagram situações inusitadas, como passageiros que tentam embarcar sem pagar passagem.

A última reportagem da série ‘O Rio nos trilhos’ vai adiantar ainda o futuro do CCO, que até 2016, contará com mil câmeras de monitoramento. Antes da construção do ‘cérebro da SuperVia’, como o Centro de Controle Operacional é apelidado, o circuito de monitoramento contava com apenas 200 câmeras. Nos últimos três anos, a concessionária triplicou a quantidade de máquinas, com tecnologia de transmissão em tempo real. A Central do Brasil é a estação mais vigiada, com 37 câmeras. Duas delas, posicionadas no alto da gare, têm zoom de até 30 vezes, o que permite visualizar detalhes.

“Nosso sistema de monitoramento garante, sobretudo, a segurança dos passageiros. Se houver um episódio de furto na Central, por exemplo, conseguimos identificar o rosto da pessoa e mandar direto para a polícia”, explica João Gouveia, diretor de operações da SuperVia e comandante do CCO.

Outras 26 estações são supervisionadas por câmeras. As principais são: São Cristóvão, Engenho de Dentro, Madureira, Campo Grande, Nilópolis, Nova Iguaçu e Duque de Caxias. Até 2016, R$ 12,5 milhões serão investidos na segunda fase de monitoramento do sistema ferroviário. A meta é que, em dois anos, mais 377 câmeras sejam instaladas em 12 estações. O projeto também prevê a modernização do circuito antigo.

Interior dos trens também é vigiado

Cada maquinista que comanda um trem chinês ou nacional monitora a sua própria composição com a ajuda de painéis de bordo. Atualmente 50 trens têm circuito interno, com quatro câmeras no interior dos vagões e três na cabine do maquinista — duas no retrovisor e uma na parte frontal. As imagens são transmitidas em tempo real para o condutor, que fica atento, principalmente ao fechamento das portas.

“Nosso trabalho fica muito mais fácil e a viagem acaba sendo mais rápida, pois se o trem não estiver cheio, eu posso reduzir o tempo do fechamento da porta em determinada estação”, explica o maquinista Carlos de Souza, de 45 anos.

De carona na modernidade das câmeras, a SuperVia prepara mais uma novidade tecnológica para este ano. Até dezembro, a Central do Brasil terá wi-fi disponível gratuitamente para os passageiros. As outras estações receberão internet até 2016. Com a conexão liberada, o aplicativo desenvolvido pela concessionária no mês passado, o SuperVia, terá interatividade direta com o Centro de Controle Operacional.

Pelo celular, o passageiro acompanhará a movimentação do trem em tempo real. Hoje, o aplicativo tem apenas o sistema de geolocalização, que identifica onde o usuário está e informa qual estação mais próxima. Desde sua criação, o SuperVia recebe mais de mil downloads por semana.

Histórias da SuperVia

A propaganda que terminou em reencontro – Leonardo Leandro da Silva, Agente de Segurança

Graças a uma campanha publicitária da SuperVia, na qual foi destaque no início deste ano, Silva reencontrou sua filha, após seis anos sem nenhum contato. Gislany Manoel, de 12 anos, reconheceu o pai na propaganda de um jornal, em que ele aparecia de uniforme ao lado de uma frase motivacional. “Ela conseguiu me achar, e minha ex-cunhada marcou nosso encontro sem me contar quem era. Quando vi minha filha quase morri de tanta emoção”, relembra o agente, que perdeu o contato com Gislany por conta da separação de sua ex-mulher. Agora ele vê a filha de 15 em 15 dias. “Agradeço todos os dias por ter feito parte dessa campanha”.

O diretor que se disfarça e viaja como passageiro – João Gouveia, Diretor de Operações

Três vezes no mês, ele se disfarça de passageiro e viaja sem rumo para ouvir a opinião dos usuários sobre o sistema ferroviário. A rotina é a mesma há nove anos, desde quando o diretor de Operações da SuperVia, João Gouveia, assumiu o cargo a convite da Odebrecht, empresa responsável pela concessão dos trens. Numa viagem para Belford Roxo, Gouveia identificou um problema que culminou na troca da empresa de limpeza do transporte. “Uma moça de calça branca estava toda suja devido à poeira interna do trem. Quando voltei para o escritório, pedi a troca da prestadora de serviços de limpeza. Se não fossem as viagens que faço às escondidas, nunca perceberia isso”.

Ela foi a primeira milher a conduzir uma composição – Solange Fernandes, Maquinista

Ao fazer a entrevista de emprego, há 14 anos, Solange acreditava que trabalharia como técnica em eletrônica. A função de maquinista foi revelada ao fim do processo seletivo, para surpresa dela e de outras cinco mulheres. “O anúncio que vi no jornal era para técnica. Tomei um susto quando falaram que a vaga era de maquinista, mas logo aceitei porque gosto de profissões desafiadoras”, conta Solange. Para assumir o comando dos trens, a turma das maquinistas teve um ano e quatro meses de treinamento nos 260 quilômetros de ferrovia. “Nestes 14 anos de profissão, só tenho coisas boas. Nunca enfrentei uma pane e recebo muito carinho dos passageiros”.

No meio do expediente, o nascimento de um bebê – Johnny Fernandes, Agente de Segurança

Era para ser só mais um dia de trabalho, mas o 22 de maio deste ano foi de fortes emoções para o agente Jhonny Fernandes. Ele tinha acabado de iniciar o expediente em Nova Iguaçu, quando Ítala Oliveira, de 20 anos, entrou em trabalho de parto dentro do vagão. “Tirei ela da composição e coloquei no banco. Foi ali mesmo que fiz os procedimentos para retirar o bebê. Na hora, fiquei muito nervoso, mas quando a criança nasceu, foi um alívio”, conta o segurança. O socorro médico chegou a ser acionado, mas o parto ocorreu antes da chegada dos médicos. Uma semana depois, Jhonny visitou o pequeno Thomás Oliver e o encheu de presentes.

Fonte: O Dia, 27/08/2014

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